Muito diferente do clima de tensão que toma conta das escolas estaduais do Rio, no Colégio de Aplicação da Uerj (CAp-Uerj) — no Rio Comprido, na Zona Norte da cidade — o movimento de ocupação dos alunos, que já dura uma semana, conta com o apoio da direção da escola e da reitoria da universidade. Deputados da comissão de Educação da Alerj participaram de uma audiência pública realizada na unidade nesta amanhã, onde estavam presentes professores, alunos e a comunidade escolar.
— Há reivindicações que são feitas pelos alunos há muito tempo. O papel do parlamento é ouvi-los e tentar criar pontes para solucionar os problemas. Os alunos estão lutando pelo direito sagrado a uma educação de qualidade — diz o deputado Comte Bittencourt, presidente da comissão.
O parlamentar agendou um encontro com o secretário de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca, dia 3 na Alerj para discutir a pauta de reivindicações do Cap-Uerj. Uma das principais reclamações dos alunos é a falta de um bandejão no colégio. O deputado se comprometeu a debater com o presidente da Alerj, Jorge Picciani, sobre a possibilidade de construir um restaurante com recursos da assembleia. Obras para garantir a acessibilidade e a liberação do pagamento dos funcionários terceirizados também são reivindicações dos estudantes, que elogiam o diálogo aberto com a direção da escola durante a ocupação.
— O colégio nunca esteve tão limpo. Eles fizeram um mutirão. Há algum tempo os funcionários terceirizados da limpeza não eram pagos. Entendo a ansiedade dos pais em relação à greve, mas os alunos estão demonstrando total comprometimento com a escola, o que espelha a educação e o aprendizado sobre cidadania que eles têm. Não há quem não elogie — diz a vice-diretora do CAp, Mariana Valim.
Os alunos se organizaram em comissões. Por todos os lados há cartazes colados com regras sobre a ocupação: desde manter os banheiros limpos e louças lavadas até orientações sobre segurança para o pernoite na unidade. Os pais podem visitar a escola e os diretores têm dialogado diariamente com os alunos. Através do Facebook, eles transmitem diariamente notícias das atividades culturais que acontecem na escola.