A Comissão de Educação da Alerj, presidida pelo deputado Comte Bittencourt, convocará os representantes das secretarias de Educação e de Ciência e Tecnologia para debater o orçamento que as pastas destinam para o funcionamento do Centro de Estudos para Jovens e Adultos (CEJA) na Fundação Cecierj. Em audiência realizada hoje (14/9) na Assembleia, professores e representantes de seus sindicatos apresentaram os problemas enfrentados pelos profissionais que atuam na modalidade.
“Há alguns anos, o CEJA passou a ser administrado pela Cecierj, mas continua vinculado à Secretaria de Estado de Educação. A Comissão de Educação vem recebendo professores e alunos de várias unidades do CEJA relatando dificuldades para a aquisição de material didático, além da falta de apoio da Seeduc nos Centros de Estudo. Realizamos a audiência para ouvir as partes, analisar e estudar soluções para aprimorar o ensino oferecido nessa modalidade. E daremos continuidade ao tema em novo encontro pois acreditamos que é de interesse de toda a sociedade garantir a qualidade que sempre esteve presente nos trabalhos do Cecierj ”, explicou Comte Bittencourt.
Durante o encontro, o Presidente da Fundação Cecierj, que administra o CEJA, Carlos Eduardo Bielschowsky, informou que o Centro está sem receber recursos do governo estadual desde o início do ano. De acordo com ele, o programa deveria receber R$ 12 milhões para o custeio anual, mas nenhum valor foi executado até a presente data: “Estamos aqui para construir um CEJA melhor. Tenho a convicção do nosso compromisso social e da importância do programa. Não acho que temos dificuldades pedagógicas, apesar de pequenas divergências. Nossa questão hoje é estrutural: é de limpeza, de merenda. Necessitamos de R$12 milhões por ano para as despesas com o segmento, mas em função da crise fiscal não recebemos o repasse. Precisamos ter acesso ao recurso federal da Seeduc para garantir a qualidade do ensino ofertado à população. Os problemas de conteúdo podem ser resolvidos internamente, mas temos que resolver os problemas financeiros” alertou Bielschowsky.
Devido à falta de recursos, as 61 escolas da rede estão funcionando de maneira precária. De acordo com a diretora adjunta do CEJA de Paciência e Bangu, ambos na Zona Oeste, Luciana Bandeira Barcelos, as unidades estão desde maio sem merenda, porteiros, serventes e verba para manutenção: “Muitos professores acabam realizando o trabalho que deveria ser da equipe da limpeza e fazem a faxina das salas de aula. Não sabemos até quando vamos conseguir funcionar dessa forma absolutamente precária”, desabafou a diretora. Luciana também lembrou que a última verba destinada ao segmento veio do Governo Federal, em outubro do ano passado.
Bielschowsky reforçou, na audiência, que a Fundação tem lutado para garantir o funcionamento adequado das unidades de ensino:
“Estamos tentando manter o nosso compromisso em mandar recursos para a merenda, manutenção e portaria. Mas isso se torna inviável já que não estamos conseguindo executar o orçamento como deveríamos “, justificou o presidente da Fundação Cecierj.
Há três anos, foi implementado um novo programa pedagógico para o Centro de Estudos para Jovens e Adultos. Com a reformulação, foi incluído um novo recorte curricular, material didático diferenciado, oficinas de reforço e a valorização do atendimento individual presencial. Ao todo, cerca de 50 mil alunos estão matriculados nas escolas da rede, que contam com 1.255 professores e 103 diretores. “Temos um projeto modelo, de excelente qualidade, mas é evidente que precisamos do apoio do governo do Estado para fazê-lo alavancar”, disse Bielschowsky.