O Fluminense
Fábio Malta
Infiltrações, goteiras, salas de informática sem uso e problemas elétricos. Estes foram alguns dos problemas encontrados em três escolas estaduais de Niterói visitadas ontem pelos deputados Comte Bittencourt (PPS) e Marcelo Freixo (PSOL), da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Também foi verificado o andamento das reformas no Liceu Nilo Peçanha, no Centro.
No Ciep Anísio Teixeira, no Fonseca, os deputados encontraram o segundo andar completamente interditado por causa das infiltrações. Algumas salas do terceiro andar, onde os 210 alunos do ensino fundamental assistem às aulas, estão no mesmo estado e têm fios elétricos à mostra. De acordo com a diretora da escola, Elaine Alves da Rocha, a unidade poderia comportar, em bom estado, 600 alunos matriculados.
A segunda escola visitada foi o Colégio Estadual Macedo Soares, no Barreto, que enfrenta sérios problemas nas instalações elétricas. Como o transformador não dá conta de fornecer energia para todas as salas, cinco computadores esperam no chão desde 2002 para serem usados por 1,8 mil alunos dos ensinos fundamental, médio e técnico. “Precisaríamos instalar um ar-condicionado de 18 mil BTUs na sala para poder usar as máquinas, mas nem as lâmpadas acendem no colégio todo. É uma escuridão”, diz a diretora Cenira Ravizzini.
A Comissão encontrou ainda instalações elétricas aparentes, algumas salas no segundo andar com o piso em más condições e portas devoradas por cupins. O deputado Comte Bittencourt, presidente da Comissão, afirma que o panorama deve começar a mudar com a responsabilidade nas mãos da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), que assumiu a manutenção.
“Vamos elaborar um relatório e abrir um debate com a Emop e com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), para pressionar por uma política efetiva de manutenção preventiva”, prevê Comte.
Prevenção – O deputado, que lamenta a queda no orçamento inicial de R$ 62 milhões para obras e manutenção para R$ 43 milhões, alerta que problemas que podem ser resolvidos com a prevenção podem, em poucos anos, atingir a gravidade a que chegou o Liceu Nilo Peçanha, onde uma parte do telhado desabou e derrubou uma laje, em 26 de fevereiro.
O deputado Marcelo Freixo faz coro e ressalta que o dinheiro gasto em uma reforma como a do Liceu, que custará R$ 3 milhões, poderia ser aplicada na construção de outro colégio, se a manutenção tivesse sido adequada. Segundo Freixo, uma audiência específica sobre o tema na Comissão de Educação será agendada para agosto.
Iepic – A terceira escola a receber a comissão foi o Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho (Iepic), no Ingá, que, apesar das boas condições físicas, tem três turmas, de 6ª, 7ª e 8ª séries, sem aulas de Matemática desde o início do ano por falta de professores. Os alunos estão sem aulas de Informática por falta de instrutores, que foram transferidos pelo Governo do Estado para ministrarem outras disciplinas.
Tombado
As obras de recuperação do Liceu Nilo Peçanha, que começaram em caráter de emergência após a queda da laje em uma das salas, também foram vistoriadas pelos deputados. No momento, os operários da Emop trabalham na recuperação e no sistema de drenagem do telhado e começam a pintar as paredes.
O engenheiro Cornélio Melo, da SEE, acompanhou a Comissão de Educação e explicou que estão sendo refeitas as instalações elétrica e hidráulica. Ele prevê que as obras passem um pouco do previsto, em fevereiro, pela dificuldade em trabalhar no prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O diretor Antonio Roque garante que as cores originais das paredes já foram identificadas e as obras estarão concluídas até janeiro ou fevereiro, antes do início do próximo período letivo. Atualmente, 2,3 mil alunos dos turnos da manhã e da tarde têm aulas em salas cedidas pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo), no Centro. Somente as turmas da noite continuam tendo aulas no Liceu.