Comte discursa sobre sua candidatura a Vice-Governador do estado

O SR. COMTE BITTENCOURT – Deputado Wanderson Nogueira, Presidente do Expediente Final, Deputado Janio Mendes, Deputado Carlos Osório, Deputado Waldeck Carneiro, Deputado Luiz Martins, senhoras e senhores, quero agradecer as palavras proferidas pelo Deputado Wanderson Nogueira. Dividimos responsabilidade de uma cidade que é muito cara para ambos, uma cidade que tem um ramo da minha família paterna, lá meu avô exerceu a Prefeitura por um período, meu avô foi responsável como advogado pelo movimento de organização dos trabalhadores da indústria têxtil e mecânica de Nova Friburgo no início do século passado, e faleceu com 36 anos de idade, muito jovem; meu pai perdeu a mãe dois anos depois, meu pai com sete anos de idade; sete filhos foram para Niterói serem criados por uma tia que abriu mão do noivado para cuidar dos sete sobrinhos, uma cidade que me dá muita alegria, muito conforto. Eu costumo dizer, quando estou subindo a serra, aquela energia da montanha com a mata, com o céu, parece que me dá um efeito positivo. Então, eu quero agradecer ao Deputado Wanderson Nogueira as palavras, assim como o Dr. Julianelli, Carlos Osório, tenho certeza de que é o sentimento de V.Exa.. Estou nesta Casa, Deputado Janio Mendes, há 16 anos, há 16 anos aqui tentando servir à causa pública e não me servir dela. Tenho tentado participar aqui dos debates, especialmente nas áreas que concentro a minha principal energia, a área de ciência e tecnologia, inovação, ou seja, a área de conhecimento é a grande saída do País no século que aponta o século do domínio do conhecimento, as novas tecnologias.
O Estado, lamentavelmente, através dos seus governos, não se convenceu de que essa população só será independente quando dominar conhecimento, quando dominar conhecimento pela formação educacional, pela inteligência para poder entender esse mundo em profundas transformações. Eu tenho muito orgulho de ser colega de parlamentares como V.Exa.. Lá por Cabo Frio faz aqui a sua trincheira de defesa de uma região muito importante, de um potencial enorme para o Estado do Rio de Janeiro, mas todos nós, nós da serra, V.Exa. da Região dos Lagos, o Deputado Carlos Osório da Capital do Estado e da serra mais sul, serra petropolitana, todos nós estamos vivendo um momento no Rio de Janeiro que jamais imaginávamos viver. V.Exa. acumula vários mandatos, na política municipal e agora na política estadual, já há dois mandatos.
Tenho certeza de que V.Exa., como eu, que já acumulo nove mandatos na minha vida pública de Vereador, Vice-Prefeito e Deputado nesta Casa, nunca imaginávamos viver o que estamos vivendo no Rio de Janeiro. Eu vou falar do quadro nacional, que não é muito diferente, mas o daqui mais grave, porque aqui não é só a crise política e moral que se abateu sobre a sociedade, como no plano nacional; aqui é uma crise de desestruturação do Estado em todos os seus equipamentos, em todas as suas políticas. V.Exa., como eu, como o Deputado Wanderson Nogueira, anda por este Estado. Eu estive no Sul deste Estado, nesta semana, e no Noroeste, e nós estamos com cidades que são servidas de RJs que não são pedagiadas, que estão quase ficando intransitáveis – V.Exa. sabe disso, o Deputado Wanderson Nogueira também. Tem cidades que, já, já, vai se negar àquela população o direito de ir e vir sobre quatro rodas porque está quase impraticável transitar nelas. Um Estado que não tem massa asfáltica para tapar buraco de estrada, um Estado cuja mata está tomando conta das estradas porque não tem mão de obra porque não paga, não tem contrato para fazer a capina dos encostamentos das estradas; um Estado que nega saúde, educação, investimento em desenvolvimento. E o Estado chegou onde chegou.
Concedo um aparte a V.Exa.
O SR. JANIO MENDES – Primeiro, quero dizer que V.Exa. toma uma atitude maior na sua vida pública, que é marcada por grandes e reconhecidos momentos, como aqui vários colegas já puderam discorrer, ao abrir mão de mais uma reeleição segura ao Legislativo para concorrer ao cargo de Vice-Governador do Estado. Isso é uma demonstração do espírito público mais elevado e retrato, reflexo dessa análise de Estado que V.Exa. acaba de fazer.
Ontem, eu tive a oportunidade de me deslocar de São Fidélis a Miracema, e fiz um verdadeiro rally no trecho entre São Fidélis e Ponto de Pergunta. A estrada …
O SR. COMTE BITTENCOURT – Intransitável.
O SR. JANIO MENDES – Intransitável.
O SR. COMTE BITTENCOURT – V.Exa. – desculpa – leva naquela estrada, Deputado Carlos Osório, que foi Secretário de Transportes, uma hora, em uma estrada de vinte e poucos quilômetros …
O SR. JANIO MENDES – De 20 quilômetros.
O SR. COMTE BITTENCOURT – … porque não consegue desenvolver mais do que dez quilômetros por hora no carro.
O SR. JANIO MENDES – Tem que se desviar de buracos a todo instante.
O SR. COMTE BITTENCOURT – É impressionante. Não, tem que escolher o menor buraco.
O SR. JANIO MENDES – É, o menor buraco.
O SR. COMTE BITTENCOURT – Não é nem desviar.
O SR. JANIO MENDES – Então, V.Exa., com essa análise que faz, com essa visão, se lança a esse desafio. Quero lhe desejar pleno sucesso na sua caminhada. Quero dizer que não posso dar a V.Exa. meu voto, porque já o tenho comprometido com o meu partido e com o Deputado Dr. Julianelli, mas quero desejar a V.Exa. todo o êxito, todo o sucesso pelo brilhantismo, por tudo aquilo a que V.Exa. se dedica. Não tenho dúvida nenhuma de que será uma campanha limpa, uma campanha honesta e, se for vitorioso, teremos mais um grande gestor a ajudar a administrar esse Estado. Então, todo sucesso, parabéns!
O SR. COMTE BITTENCOURT – Muito obrigado, Deputado Janio Mendes, tenha certeza de que nós olharemos para a Região dos Lagos, como aquela região merece ser olhada, merece ser tratada. Tenho certeza de que, ao receber esse convite, no sábado, e aqui os colegas sabem que essa questão não era assunto de nenhuma conversa, eu vinha, Deputados Janio Mendes e Carlos Osório, rigorosamente, no meu projeto de tentar renovar meu mandato nesta Casa, representando a população do Rio de Janeiro nas áreas em que eu aqui me concentro, especialmente, mas, no sábado, fui surpreendido com uma visita do ex-Prefeito Eduardo Paes na minha casa. Ligou pela manhã, perguntando se eu poderia recebê-lo em minha casa no final do dia. Eu tinha chegado de Campos à uma e meia da manhã.
Passei a quinta e a sexta-feira no Noroeste e no Norte do Estado do Rio de Janeiro. Comecei em Miracema, na quinta-feira, no almoço. Fui a Pádua, a Laje do Murié, a Itaperuna, a Varre-Sai. Almocei, sexta-feira, em Porciúncula, no distrito de Santa Clara, na casa da família de um saudoso amigo do meu partido, o ex-Vereador Jailton, de nove mandatos, que faleceu a 30 dias das eleições municipais de 2016, cujo filho, que tem o mesmo nome, se elegeu usando o nome e o número do pai, e, hoje, é vereador em Porciúncula, completando o 10º mandato daquela família, de pessoas humildes, lavradores de luta do café. Almocei lá na sexta-feira. De lá, fui para Italva, a Cardoso Moreira e terminei a noite em Campos, num ato que o prefeito me oportunizou, para prestar contas do meu mandato.
O Deputado Wanderson Nogueira, outro companheiro da Serra, tem acompanhado essa minha luta pelo interior do Rio de Janeiro. Mas fui surpreendido, no sábado, Deputados Osório e Wanderson, com a visita do ex-prefeito Eduardo Paes, de quem fomos aliados na sua reeleição, por convicção. Votamos e apoiamos o Fernando Gabeira, na eleição de 2008, a prefeito do Rio de Janeiro. Fomos derrotados pelo Eduardo Paes. Mas a obra do Eduardo Paes, no primeiro mandato, mesmo partido aqui, junto com o PSDB, porque todos os demais partidos desta Casa, com exceção do PSOL, do PSDB e do PPS, em algum momento do ciclo do poder do Cabral, lá estiveram aliados. Todos! Todos, da esquerda à direita. Exclui-se o PSOL, o PSDB e o PPS. Esses três partidos fizeram nesta Casa uma trincheira da resistência, da representação, da denúncia. Mesmo cumprindo essa missão de oposição, aqui, tivemos a lucidez de apoiar, na cidade do Rio de Janeiro, a reeleição de Eduardo Paes, pela obra feita, pelo legado corajoso que já vinha construindo na cidade do Rio de Janeiro.
O resultado está aí! Se algum legado ficou, dos dois maiores eventos esportivos do Planeta, eles são municipais, porque os estaduais foram todos saqueados, que, lamentavelmente, se perde hoje, por uma falta de compreensão de governança. Mas esse é um outro debate!
Eu, que atravesso de barca, todo dia, e os Deputados sabem disso, cansei, como niteroiense, de atravessar e ter que passar por baixo de um elevado. Quando, hoje, descemos da Estação de Barcas, na Praça XV, sentimo-nos integrados ao Centro da Cidade do Rio de Janeiro. Aquela é uma obra de coragem. É uma obra de governo, é uma obra de um Estado municipal, de alguém que não olhou só o presente, de alguém que olhou o presente, apontando o futuro.
O Eduardo Paes teve, no seu governo, a companhia da amiga Georgette Vidor. Todos conhecem a lisura da sua vida, a sua história. Foi indicada pelo partido. Foi Secretária da Pessoa com Deficiência, no 2º Governo do Eduardo Paes.
Ficamos até o final do governo Eduardo Paes. E não apoiamos a candidatura do seu candidato. Apoiamos o companheiro Osório, na eleição de 2016, por entendermos que, daqueles quadros colocados, ele era o melhor para a Cidade do Rio de Janeiro. Certamente, os cariocas se arrependem hoje por não terem visto no Osório o melhor quadro daquela eleição. E também pelos compromissos históricos do nosso partido com o PSDB, especialmente no Estado do Rio de Janeiro.
Nós apresentamos a pré-candidatura do companheiro Rubens Cesar, grande antropólogo, presidente do Viva Rio, para colocá-lo no debate. Não conseguimos construir uma aliança, em função do problema do quadro nacional.
O quadro nacional, Deputada Tia Ju, limitou muito o movimento dos partidos que tinham postulantes na eleição de Presidente da República a se movimentarem nos Estados, não só no Rio de Janeiro, mas em todos os Estados esse cenário de alianças só foi acontecer agora na véspera das convenções. O quadro nacional paralisou um pouco a política regional.
Mas aqui por não termos conseguido construir uma aliança, o partido abriu um debate democrático e, não por unanimidade, mas eu diria, Deputado Carlos Osório, Deputado Wanderson Nogueira, Deputada Tia Ju, por amplíssima maioria a opção era o Prefeito Eduardo Paes, o ex-Prefeito Eduardo Paes, pelo seu legado, pela sua capacidade de gestão, pela sua correção. Tentar juntá-lo a algo que ele não esteve – esteve próximo – junto.
O Prefeito Eduardo Paes não é réu em processo nenhum. O Prefeito Eduardo Paes não responde a nenhum inquérito. O Prefeito Eduardo Paes não foi denunciado em nenhuma dessas delações premiadas. Nenhuma delas, nenhuma!
Então, não tem nada que levasse o PPS a não reconhecer, e por esse reconhecimento apoiá-lo nesse pleito de Governo de Estado.
Nós estamos fazendo uma opção pelo Rio de Janeiro. Nós aqui sabemos o cenário que vamos enfrentar a partir de janeiro do ano que vem. Seja governo, seja oposição, mas todos nós que estamos nesta Casa temos a dimensão exata do que iremos enfrentar a partir de janeiro neste Estado.
Eduardo Paes reúne todas as qualidades, tem os seus defeitos também como eu tenho os meus. E quem não os tem?
Mas reunir todos os predicados da qualidade que se exige para alguém que vai precisar enfrentar e terá que ser enfrentado a partir de janeiro: determinação, disposição de trabalho, vontade de realizar, coragem e determinação para enfrentar qualquer que seja a situação no campo republicano, no espírito democrático.
Fizemos uma opção com uma clareza profunda. Não tínhamos uma segunda alternativa, tínhamos duas: o nosso candidato próprio, o antropólogo Rubem César ou o ex-Prefeito Eduardo Paes. E assim declaramos o apoio a Eduardo Paes na quarta-feira, tão logo o companheiro Rubem César retirou a sua pré-candidatura.
E apresentamos a aliança, Deputado Carlos Osório, Deputado Wanderson Nogueira, o nome do companheiro Rubem César. Apresentamos uma ampla aliança. As forças políticas têm que discutir essa composição da chapa majoritária, é assim na democracia, é assim nas coligações.
A minha aliança é com o Eduardo Paes, a aliança do meu partido é com o Eduardo Paes, a aliança do meu partido não é com todas as forças políticas que apoiam o Eduardo Paes. É com o Eduardo Paes. Em função da certeza de termos nele a pessoa capaz de fazer o enfrentamento como disse o Rio precisa muito.
Eu fui provocado no sábado, na minha casa, às sete horas da noite – já terminando –, por um político deste Estado, com uma trajetória que todos nós reconhecemos, podem divergir, mas todos nós reconhecemos. Seguramente, depois de Pereira Passos na história dessa cidade, o nome do Eduardo Paes está gravado, ninguém tem dúvidas disso. Nós fizemos uma opção.
E me senti, Sras. e Srs. Deputados, encerrando mesmo, Presidente, já abusando da sua tolerância do tempo, mas me permite depois de 15 anos, já no 16º, me justificar, porque não estarei mais aqui, a partir de 1º de janeiro, qualquer que seja o resultado da eleição, aqui não estarei mais, espero que seja um resultado vitorioso e eu possa cumprir outra missão.
Digo aos colegas que o que motivou, depois da explanação feita pelo Eduardo Paes e do convite, foi o compromisso de todos nós com o Rio de Janeiro, foi pensar na minha Niterói, na minha Friburgo, pensar na minha família, pensar nos meus vizinhos, nos meus amigos, no cidadão fluminense, em todos deste Estado, que passam, hoje, nas suas vidas, por profundas dificuldades, porque estamos entregue a um ciclo de governança que, lamentavelmente, não responde com as obrigações mínimas frente ao cidadão.
Espero que possamos contribuir para que o próximo período do Rio de Janeiro, sob a liderança do ex-Prefeito Eduardo Paes, seja um período – não há milagre a fazer – que todos nós, que temos mandato, compromisso público com este estado, em que tenhamos uma determinação de participar de uma reconstrução, que vai levar tempo – vai levar tempo, todos nós sabemos -, mas, com Eduardo Paes, o PPS e eu temos certeza absoluta de que o Rio pode encontrar o seu caminho e apontar para uma perspectiva de desenvolvimento comprometida com o conhecimento, recuperando as nossas universidades, garantindo investimentos em ciência, pesquisa e tecnologia, despertando a educação pública em todas as suas dimensões, no seu papel transformador da cidadania.
Tenho certeza absoluta de que o Estado voltará a ter perspectiva de desenvolvimento, nas suas mais diversas macrorregiões, respeitando a cultura local, respeitando o arranjo social e produtivo local, com um governo que pode ter alguém capaz de entender e interpretar todos esses movimentos e voltar a dar ao Rio de Janeiro o espaço, a posição de destaque que este Estado merece e que teve no passado, mas que se perdeu nesses últimos 15, 20 anos. Nesses últimos 15, 20 anos, seguramente, porque não foi obra de um só governo, foi obra de um ciclo de governança e que todos nós sabemos quando começou.
Muito obrigado às palavras do Wanderson, às palavras do Dr. Julianelli, a quem eu desejo muito sucesso nesse debate, às palavras do Deputado Janio Mendes, Deputado Waldeck e Deputado Carlos Osório.
Muito obrigado pela tolerância, Presidente Tia Ju.

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