RIO – O governo do estado anunciou, no início da noite desta quinta-feira, dia 14, que as aulas presenciais da rede estadual retornarão em março para 70 mil alunos em situação de vulnerabilidade social. A volta às escolas será cerca de um mês após o início do ano letivo, marcado para 4 de fevereiro. O número de estudantes que estarão nas salas de aula nesse primeiro momento representa 10% dos alunos da rede.
De acordo com o governador em exercício, Cláudio Castro, e com o secretário de Estado de Educação, Comte Bittencourt — que realizaram uma live sobre investimentos da rede estadual de educação — o motivo para o retorno apenas para este grupo é que os alunos mais pobres foram, justamente, os que mais foram prejudicados com os dez meses de quarentena escolar por conta da pandemia de Covid-19.
O secretário disse que, nesta sexta-feira, a pasta fará uma reunião com a Secretaria estadual de Saúde para definir os detalhes deste retorno às atividades.
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— Não é uma decisão fácil e há uma preocupação com a curva pandêmica, mas a escola estará mais preparada estruturalmente. Nós teremos reuniões de equipe para receber individualmente os alunos e vamos dar alimentação nas unidades. Nesse processo de fechamento, eles ficaram à margem da educação porque eles não têm dispositivos (smartphones ou tablets para a educação à distância). Chegar a eles foi quase impossível em alguns territórios da região metropolitana — explicou Comte.
Para este retorno, que será híbrido, o governo do estado também estuda fazer um horário alternativo para que os alunos não peguem o transporte público no pico, com horário estipulado do meio da manhã até o meio da tarde.
— Os alunos que ficaram com déficit de conteúdo também terão atividades extras remotas e presenciais para que possam recuperar o que perderam em 2020 — informou Cláudio Castro.
Sobre a evasão escolar, o que era uma grande preocupação do processo matrícula para este ano, o governador disse que houve mais de 500 mil renovações de matrícula, o que seria um percentual maior do que dos últimos cinco anos, com mais de 100 mil novos alunos.
— São 70 mil alunos a mais do que em 2019, o que mostra a vontade do nosso aluno de estudar — disse o governador.
— Agora nós vamos atrás de cada um que não foi fazer a sua. Vamos sondar essas famílias para ver que tipo de apoio essas famílias precisam — disse Comte.
Secretário critica realização do Enem no próximo domingo
Antes da conversa, o secretário de educação criticou o fato de a realização do Enem ter sido marcada para o próximo domingo.
— Essa prova deveria ter sido repensada. Agora, tem a questão concreta da vacina que o senhor (Castro) colocou, e o bom senso aponta para uma revisão na data dessa prova.
Reajuste no auxílio-alimentação dos professores, concurso e modernização das escolas
O governador também informou que um edital de concurso para professores será lançado em março, com 500 vagas imediatas para o segundo semestre, e mais 3.500 para o cadastro de reserva, tudo obedecendo ao novo regime de recuperação fiscal em que se encontra o Estado. Além disso, os docentes terão reajuste de 40% no auxílio-alimentação, de acordo com a carga horária, o que, de acordo com o governo do Estado, estava sem reajuste desde 2011.
— Sabemos que há um déficit salarial enorme e esta é a maneira de a gente ir ajustando isso mesmo sendo muito pouco, porque o professor merece. Provavelmente em abril já estará na conta do servidor — prometeu o governador.
O governo do Estado também prometeu que todos os computadores da rede estadual de ensino serão renovados, e que a conexão wi-fi das escolas passará de 1 mega de velocidade de conexão por unidade para que cada unidade tenha de 20 a 100 mega. De acordo com Castro, o orçamento para isso, que será de R$ 4 milhões por ano, sairá do gasto com a Educação que não pôde ser realizado em 2019:
— Por conta da pandemia, nós acabamos não gastando todo dinheiro que a constituição manda em Educação. Por isso, nos propusemos a gastar, em dois anos, e ter um grande investimento na infraestrutura e dar as reformas que há muito tempo não tinha. O mundo mudou, a questão do EaD será uma realidade mesmo coma vacina durante um bom tempo, e nós temos uma carência muito grande na conectividade. Já estamos trabalhando em plataformas para smarthphones e tablets que vão diminuir a distância e recuperar esse déficit que tivemos ao longo de 2020.
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