Nesta sexta (12), o secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt, disse que as aulas presenciais seriam suspensas. Mais tarde, durante entrevista coletiva, o governador em exercício disse que a decisão só será tomada na semana que vem.
Especialistas ouvidos pelo RJ2, nesta sexta-feira (12), disseram que o fechamento das escolas do estado só deve acontecer em último caso, ou seja, se não houver outra solução para controlar o avanço da Covid-19 no Rio de Janeiro.
Segundo eles, essa medida deve ser tomada de acordo com a taxa de transmissão do vírus em cada município.
O secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt, disse na manhã desta sexta que a partir de segunda-feira (15) as escolas estaduais teriam as aulas presenciais suspensas.
Em entrevista coletiva, o governador em exercício do estado, Cláudio Castro, afirmou que a decisão será tomada na semana que vem e que, até lá, as escolas seguem abertas.
O que dizem os especialistas
O RJ2 ouviu Cláudia Costin, diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para ela, a abertura ou o fechamento de escolas deve seguir critérios científicos.
“Precisamos pensar que fechar em último caso a escola. Se fechar, fazer como outros países, manter algumas coisas abertas, como em São Paulo, para as crianças em situação de vulnerabilidade”, disse.
Segundo Claudia, será muito difícil recuperar o prejuízo na educação provocado pela falta de planejamento no ano passado, quando as escolas ficaram fechadas por 52 semanas.
“Manter as escolas fechadas traz danos aos alunos. Às vezes, as pessoas têm leveza com essa questão da perda de aprendizagem, depois repõe. Mas temos que saber que um ano de escolas fechadas, aprendizagem em casa, rede municipal e estadual, foi fraca, teve perdas de aprendizado. Vai levar anos para recompor”, disse.
O infectologista da UFRJ, Roberto Medronho, acredita que a decisão de abrir ou fechar os colégios deve ser tomada de acordo com a taxa de transmissão do coronavírus de cada cidade e de cada região.
“Não é uma decisão fácil, é complexo, as escolas fechadas há muito tempo, tem impacto grande nas crianças, mas precisamos dar a devida segurança para todos. A grande solução é a vacina. E o governo errou ao não encomendar. Pedir 1, 5, 10 milhões. Isso é uma gota no oceano”, afirmou.
Medronho também lembrou que é preciso ter rigor com as medidas de proteção e a proliferação do vírus nas escolas.
“No caso das escolas, mantendo-se aberta em caso de transmissão comunitária não tão elevada, é fundamental a observância estrita de medidas de mitigação. Distanciamento, máscara e limpeza”, pontuou.
Pediatras defendem escolas abertas
Já a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que vem acompanhando o efeito da covid na vida das crianças desde o início da pandemia, informou que é a favor das aulas presenciais no estado.
No entanto, o grupo também cobra respeito com as normas de segurança e higiene nas escolas e no transporte.
“A SBP debate essa questão das aulas há muitos meses e a nossa conclusão é que não há razão para as escolas ficarem fechadas. São ambientes controlados, ali se sabe o que fazer se eventualmente surgir um problema. Sabe-se muito bem toda essa observação no mundo, que as crianças não são as principais fontes do coronavírus. Não tem por que as escolas ficarem mais fechadas do que já ficaram. O Brasil é o campeão mundial em fechamento de escolas”, afirmou u o pediatra Clóvis Constantino.