O GLOBO
21/03/2007
Fábio Vasconcellos
A direção da Assembléia Legislativa (Alerj) decidiu substituir o alumínio que cobre as colunas do prédio anexo da Casa por pedras. Motivo: nos últimos seis meses, o material foi roubado, deixando à mostra a estrutura do edifício. Nem mesmo a existência de câmeras de segurança na rua impediu os ataques, que ocorrem principalmente nos fins de semana. Localizadas na parte externa do prédio, nos lados da Rua São José e da Avenida Alfred Agache, oito colunas já foram alvo dos ladrões, conforme informou ontem a coluna Gente Boa, do GLOBO. A diretora de Segurança da Alerj, Cristina Vilhena, informou que a própria Casa está retirando o restante do revestimento. A idéia agora é fazer uma licitação e comprar placas de pedras para cobrir as colunas.
– Acredito que os ladrõbs arrancam as placas para revender. Trabalho há 18 anos na Alerj, já vi pichações e outros tipos de depredação, mas nunca tinha visto nada como isso – disse Cristina.
Segundo ela, três homens chegaram a ser detidos, quando arrancavam o alumínio. Levados para a delegacia, foram liberados semanas depois.
– Apenas um deles ficou mais de um mês detido, mas a polícia acabou liberando porque não havia provas suficientes para mantê-Io na prisão lamenta a chefe da segurança.
Deputado diz que é um problema cultural – O deputado Comte Bittencourt (PPS), presidente da Comissão de Educação da Alerj, lembrou que os equipamentos públicos têm sofrido constantes depredações não só no Rio, mas no Brasil. Para o deputado, o problema é cultural.
– Infelizmente, muitos não têm essa preocupação com o patrimônio público. Acredito que isso é um problema cultural, que passa necessariamente por uma formação educacional falha – observou.
O deputadoAlessandro Molon (PT) lamentou os ataques.
Segundo ele, a população esquece que o prédio é financiado com o dinheiro público, recolhido dos impostos. Em
2005, a Alerj custou aos cofres do estado R$ 364 milhões, entre salários, investimentos e custeio, o que inclui reforma e manutenção dos prédios. Para Molon, no entanto, a decisão de substituir o alumínio por pedras revela a fragilidade do poder público no Rio.
Impedidas de evitar os ataques, as instituições acabam tendo que mudar até mesmo a arquitetura do prédio.
– É uma pena que depredem os prédios públicos. Mas, para mim, trocar o alumínio pelas pedras indica o quanto o poder público está fragilizado. Não conseguimos impedir que os prédios sejam depredados, então, troca-se os revestimentos – disse Molon.
Esta não foi a primeira vez que a Alerj sofreu com depredação. Em 2003, a estátua da Autoridade, instalada na entrada principal da Assembléia Legislabva, foi alvo de vândalos. Eles danificaram parte da estrutura do monumento (uma mulher com barrete e tábuas da lei). A obra sofreu avarias no rosto e no braço e no pé esquerdos. A estátua foi criada em 1926 com argamassa imitando bronze.