JB Online
Júlia Moura
RIO – Ao final do depoimento do deputado Álvaro Lins (PMDB) à corregedoria da Alerj, que durou cerca de duas horas, nesta quarta-feira, o corregedor da casa, deputado Luiz Paulo Corrêa e o subcorregedor, deputado Comte Bittencourt (PPS), disseram que pedirão a cassação do ex-chefe de polícia civil, por quebra de decoro parlamentar.
Durante o depoimento, Lins negou todas as acusações, como as referentes a escutas telefônicas e a questão patrimonial referentes a três investigações da polícia, pelas operações Hurricane, Gladiador e Segurança Pública S/A. Lins também disse que está sendo acusado por causa dos inimigos que acumulou durante os seis anos que esteve à frente da chefia de Polícia Civil.
Comte Bittencourt afirmou que as denúncias contra Lins indicam quebra de decoro parlamentar. Já Luiz Paulo disse que Álvaro Lins não apresentou fatos novos que desmintam as denuncias da Polícia Federal e Ministério Público Federal. De acordo com a Corregedoria sete pessoas envolvidas na denúncia da PF estavam nomeadas no gabinete do deputado.
– Muitos daqueles que estão no gabinete do deputado Álvaro Lins estão sendo investigados. Portanto, há quebra de decoro parlamentar. Inexoravelmente encaminha para perda de mandato – disse Luiz Paulo.
De acordo com o corregedor há bastante provas contra o deputado, como pode ser constatado nas gravações telefônicas, e a defesa não trouxe nada de novo. Os advogados do parlamentar tentaram adiar o depoimento no período de 72 horas, alegando não ter tido tempo suficiente para tomar conhecimento das informações contidas no imquérito da PF, mas o pedido foi negado. O relatório da corregedoria deve ser entregue ao Conselho de Ética da Alerj na próxima terça-feira.
O início do depoimento de Lins, às 10h30, foi tumultuado. A deputada Cidinha Campos (PDT) foi impedida de participar pelo corregedor Luiz Paulo Corrêa, e somente após reclamar ao presidente da Alerj, Jorge Picciani, pôde assistir o depoimento e fazer perguntas a Álvaro Lins que se negou a respondê-las.
Por causa do incidente, a deputada acusou a corregedoria de estar preparando uma ‘armação’ para absolver Lins.
– O que aconteceu hoje foi lamentável. Começo a suspeitar do Corregedor – disse Cidinha.
Voto fechado
Depois de apresentar o relatório para a Mesa Diretora da Alerj, na terça-feira, cabe a Mesa decidir se segue ou não para o Conselho de Ética, que a partir da data de recebimento, terá até 90 dias para dar um parecer final. O presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), já declarou, de acordo com o corregedor, que a tendência seria acompanhar o parecer da Corregedoria. Nesta etapa, Álvaro Lins terá novamente direito à defesa . Após a análise do Conselho de Ética vai para votação em plenário, o voto será secreto.
– O voto secreto é uma determinação da Constituição Federal. Eu sou totalmente a favor do voto aberto, para que todos possam mostrar a face. O voto fechado esconde as reais intenções. Eu sou a favor que se faça um movimento para que caia o voto fechado – declara o deputado Luiz Paulo Corrêa.
Álvaro Lins foi preso no dia 29 de maio durante a operação Segurança S/A, da Polícia Federal, e solto após decisão dos deputados da Alerj, por 40 votos a 15. Ele é acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha armada, e seria o chefe operacional de um grupo montado na Polícia Civil, no Rio, na época em que ele chefiava o órgão.