Sérgio Cabral anuncia novo secretário de Educação

O Globo
Ruben Berta

RIO – Passados dois dias de sua reeleição em primeiro turno, o governador Sérgio Cabral anunciou ontem a primeira mudança no secretariado. A partir de hoje, a pasta da Educação, um dos principais alvos de críticas de adversários durante a campanha, sai das mãos de Tereza Porto para as do economista Wilson Risolia, ex-diretor-presidente do RioPrevidência. Ele será o terceiro secretário da gestão Cabral e nada menos que o 26 nos últimos 35 anos, uma média próxima a um gestor a cada ano e meio.

Formado em ciências econômicas em Nápoles, na Itália, Risolia tem pós-graduação em engenharia econômica e didática do ensino superior. Antes do RioPrevidência, passou pela Caixa, onde foi vice-presidente de Ativos de Terceiros. No RioPrevidência, foi responsável por sua modernização e reduziu o tempo de espera pela concessão de benefícios de um ano para apenas 30 minutos.

Secretário mais voltado para a melhoria administrativa

Com a mudança, Cabral aposta num secretário sem perfil de educador, voltado para a melhoria administrativa da Secretaria de Educação. O primeiro secretário foi Nelson Maculan, professor da UFRJ, que saiu em fevereiro de 2008, discordando dos rumos da política do órgão – como a compra de notebooks para os professores – e em meio a uma crise de falta de docentes. Apesar de negar, Tereza Porto teria assumido o cargo em seguida com o aval do presidente da Alerj, Jorge Picciani. Ela havia sido anteriormente presidente do Proderj.

Durante sua passagem pela secretaria, Tereza caracterizou-se pela bandeira da informatização. No entanto, o Sistema de Quadro de Horários, para acompanhar a carência de professores em tempo real, só começou a funcionar efetivamente ao longo deste ano. A gota d’água para a sua saída pode ter sido a divulgação este ano do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) referente a 2009. A rede estadual manteve a mesma média alcançada em 2007: 2,8. É o segundo pior índice do país, perdendo só para o Piauí. A nota média nacional é 3,6.

Professora da Faculdade de Educação da Uerj, Bertha do Valle viu com pesar a mudança:

– A falta de continuidade na pasta é um problema histórico. Não entendo uma saída a poucos meses do fim do ano, vai criar uma insegurança nas escolas em relação ao que vem sendo feito.

Contratação de 1.600 professores

Coincidência ou não, no mesmo dia da demissão da secretária Tereza Porto, o governador publicou um decreto no Diário Oficial autorizando – a cerca de dois meses do fim do ano letivo – a contratação temporária emergencial de até 1.600 professores. Segundo o texto, mesmo com a dupla regência e a chamada de concursados, foi constatado que existe carência urgente na rede. A Secretaria de Educação informou, por sua assessoria de imprensa, que não poderia precisar ontem o número de professores que faltam, porque houve uma queda no sistema de informática.

Para o presidente da Comissão de Educação da Alerj, deputado Comte Bittencourt (PPS), o dado sobre a contratação temporária é alarmante, já que, em audiências ao longo deste ano na Alerj, a Secretaria de Educação apontou para uma diminuição no uso desse artifício para cobrir a carência de docentes:

– Aparentemente, a situação vinha melhorando, mas 1.600 é um número considerável, mesmo falando de uma rede com 80 mil professores.

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