O GLOBO: “Educação e Liberdade”

Por Marcia Costa Rodrigues

Em 1967 Paulo Freire lançou um livro que revolucionou a educação: “Educação como prática de liberdade”, rompendo o modelo do ensino bancário, centrado no professor, com alunos apenas absorvendo o determinado. Com jovens e adultos, no Nordeste, Freire identificou que, para aprender, os estudantes precisam estar em comunhão. Antes de ler as palavras é necessário ler e escrever o mundo. Ele questionou a sala de aula das falsas perguntas, propondo uma metodologia em que os conhecimentos fossem construídos em diálogos, carregados de sentido, sem prévias respostas.

Entretanto, ainda hoje, crianças e jovens chegam às escolas cheios de saberes e curiosidade e só são cobrados para provinhas e provões, através de conteúdos empobrecidos sob modernos suportes. Deparamo-nos com professores desmotivados e desrespeitados, sem trabalho decente. Existem exceções, educadores comprometidos e escolas arejadas, mas o PNE caminha vagarosamente no Congresso Nacional.

Temos pouco a comemorar neste outubro de 2013. Apesar dos discursos, educação não é prioridade.

Em pleno século XXI não podemos aceitar uma escola do século XVIII. Se educação igual para todos foi uma conquista, os desafios agora são outros. Pesquisas e análises recentes indicam que a universalização do ensino não se concretiza só com o acesso. É necessário garantir a permanência do estudante e seu aprendizado. Para isso, a escola precisa ser outra!

Em plena era digital, a educação formal, especialmente para crianças e jovens, precisa ser um processo artesanal. Salas de aula com poucos estudantes, professores acompanhando cada um e conhecendo seus familiares. A escola como lugar de acolhida, respeito e desenvolvimento. Em plena era do conhecimento em rede, faz-se necessário romper o modelo em que a cada aula um conteúdo é apresentado, tratando alunos como tábulas rasas a serem preenchidas, uniformemente.

Em plena era da informação, carteiras escolares podem ser reorganizadas, transformando as fileiras-para-olhar-pescoços em ambientes que instiguem a garotada a criar e a aprender. Bibliotecas atualizadas, acesso à internet, esporte, teatro, cinema completam o currículo mínimo dos espaços educativos, não restritos a um único local numa cidade educadora.

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