Alunos do Iserj sem diploma desde 2002

Jornal do Brasil
Renato Grandelle

Falta de professores e condições do prédio serão discutidas amanhã na Alerj

Erie Ferreira da Silva sabe quando mais um dia de aula no Instituto de Educação (lserj) chega ao fim: as salas são invadidas pelo sol, dificultando a visão do quadro-negro. Os banheiros também são percebidos à distância. Basta, segundo os alunos, guiar-se pelo forte cheiro de urina.

Quando se reuniu no antigo teatro para discutir o colégio, o grêmio estudantil escapou por pouco de visitar o ambulatório. Algumas lâmpadas estouraram durante o encontro, quase atingindo quem discutia metros abaixo.

Estes e tantos outros problemas estão na pauta da audiência pública que será realizada amanhã na Alerj. A falta de professores e de diplomas para o ensino normal superior – os documentos não são expedidos há cinco anos – também será discutida.

Se depender do deputado Comte Bittencourt (PPS), presidente da Comissão de Educação da Assembléia, a audiência não terminará tão cedo. O deputado tem recebido denúncias de alunos e professores do lserj. Os problemas vão da disputa política entre professores à falta de reconhecimento dos cursos.

– O regimento e a mudança da grade curricular não foram aprovados pelo Conselho Estadual de Educação – exaspera-se. – A formação dos estudantes não tem amparo legal. Já soubemos de ex-alunos que correm o risco de perder a matrícula na pós-graduação porque estão sem diplomas de nível superior.

Sobram perguntas, mas faltam respostas. Convidado para o encontro, o diretor-geral do Iserj, Ubiratan Castro Vianna, avisou que estará viajando. Mas, de antemão, garante que as acusações são exageradas.

– Em todo o ensino médio, só faltam dois professores: um de geografia e outro de informática, que serão repostos na próxima semana – promete. – A fabricação

dos diplomas era de responsabilidade da Uerj. Agora, passou à UeZO, que deve concluir o trabalho nos próximos três meses.

Na grade curricular de Erie, aluno do ensino médio, faltam dois professores -ambos de disciplinas técnicas. O corpo docente, portanto, teria crateras maiores do que diz o diretor-geral.

– O curso é cada vez mais voltado para a parte técnica, deixando os alunos mal preparados para o vestibular – protesta. – Ironicamente, apesar da nova opção, é nas disciplinas técnicas que faltam mais professores e recursos.

Professores criticam o uso de recursos

O ensino normal superior do Iserj tem um professor para cada cinco alunos. A média, acima da registrada em muitos países de primeiro mundo, está longe de encantar o çorpo docente da instituição.

– E um desperdício de dinheiro -lamenta um professor, que não quis se identificar. A maioria dá, no máximo; oito aulas por semana. Por que são tão pouco usados, se faltam professores nos énsinos fundamental e médio?

Os profissionais também ficaram insatisfeitos com a forma como uma de suas reivindicações foi atendida: a substituição dos quadros-negros, que usam giz e irritam os alérgicos, por brancos, onde se escreve com hidrocor.

Como não havia verba para trocar o equipamento em todas as salas, a direção adotou uma saída nada convencional; instalou os novos quadros, muito menores, à frente dos antigos.

– É como se tivessem posto um quadro de recados. Quase não dá para escrever com tão pouco espaço – indigna-se o professor.

O diretor-geral do Iserj garante que os professores entendem o orçamento apertado.

– Não há problema que impeça as aulas de continuarem – ressalta. – Para um prédio tombado e com 176 anos, as salas de aula e o banheiro estão muito bem conservados.

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