O presidente da Comissão de Educação da Alerj, Comte Bittencourt, anunciou durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (25/05) no Colégio de Aplicação da Uerj (CAp-Uerj), no Rio Comprido, que vai pedir ao presidente da Casa, deputado Jorge Picciani, doação de recursos próprios da Assembleia para a construção do bandejão e melhorias de infraestrutura na unidade.
“Se o estado não pôde cumprir com essa obrigação, a Comissão vai tentar ajudar a instituição através dos recursos próprios da Casa. Vamos solicitar a verba para o orçamento de 2017”, informou Comte.
Além de problemas estruturais, a escola – ocupada há uma semana – sofre com falta de professores e atraso nos salários dos funcionários. Devido a este cenário, os alunos estão há três meses sem aula. Para intermediar o diálogo entre a instituição e o Executivo, o presidente da Comissão vai convidar o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Gustavo Tutuca, para reunião na próxima sexta-feira (03/06), no Parlamento Fluminense.
“Vamos apresentar o resultado do encontro de hoje e avaliar junto com o secretário o que o Estado pode fazer para resolver as demandas da comunidade escolar”, acrescentou o parlamentar.
Há mais de cinco anos, o CAp-Uerj luta pela construção de um bandejão no prédio da escola e obras que garantam a acessibilidade no local. Os alunos têm ensino integral e dependem da alimentação oferecida para manter os estudos. Adriana Freitas, mãe da aluna do 3º ano Clara Cortines, reclama dos gastos extras com a alimentação da filha.
“Preciso ter, por mês, R$ 300 para garantir a alimentação dela. Tenho a sorte de ter recursos, mas existem muitos alunos que são cotistas e não tem esse dinheiro. Por conta de problemas desta natureza, eles acabam saindo da escola”, lamentou Adriana.
De acordo com a diretora do Colégio, Maria Fátima de Souza Silva, cerca de mil alunos estão matriculados no CAp-UERJ. Há três anos, parte desses estudantes estão sem professor fixo de português.
“Nunca temos certeza de quem vai nos dar aula na próxima semana. Essa descontinuidade da matéria acaba ocasionando um atraso em relação às outras escolas. Como podemos ficar sem aula de português, nossa língua nativa? Isso é vergonhoso”, desabafou o aluno do 4º ano, Guilherme Maia. O estudante ainda lembrou que as aulas de francês, inglês e filosofia também não estão sendo dadas por falta de professor.
Para não prejudicar o ingresso desses alunos na universidade, diferente das outras escolas ocupadas no estado, os alunos do 3º ano do CAp-Uerj, ainda estão tendo aula, mas em regime de excepcionalidade. A carga horária dos 105 alunos que cursam a série foi reduzida e as disciplinas de educação física e filosofia não estão sendo ministradas.
No dia 12 de junho, parte desses alunos prestará vestibular para a Uerj. Apesar de preocupados com a formação e com o ingresso na universidade, alunos como Iago Marques estão engajados na luta pelas melhorias do colégio.
“Somos a favor da ocupação. Estou muito apreensivo com a minha formação, mas essa situação da escola ainda é maior do que isso. Estamos lutando pelos alunos que ainda vão passar por aqui”, concluiu o estudante.