Comte discursa sobre a UEZO

O SR. COMTE BITTENCOURT – Sr. Presidente do Expediente Final, Sras. e Srs. Deputados, Senhoras e Senhores, trago também nesse encerramento do dia, um pouco de contribuição para essa reflexão a respeito da nossa Uezo, o nosso Centro Universitário da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Acompanhamos a luta daquela comunidade há mais de uma década, desde o início da sua gestação, no Governo Rosinha Garotinho. Sabemos o que foi a luta daquela comunidade para manter o projeto da Uezo de pé, esse jovem empreendimento estadual.
O que nos dá um desconforto muito grande, Sr. Presidente, é que o Rio de Janeiro, como sempre, aponta no sentido de ser um Estado que não tem, na área de Educação, o movimento dos seus governantes para construir ali um projeto que seja de estado, e não se limite a ações de governos.
Percebemos que os Secretários de Ciência e Tecnologia de plantão acabam estabelecendo iniciativas que vão numa visão muito míope do que deve ser uma iniciativa de um Projeto de Estado para a Educação, um Projeto permanente, contínuo e que deve ser perene. Quando se investe em uma comunidade, qualquer que seja ela, mas vamos tratar da Zona Oeste, como disse o Deputado Waldeck Carneiro, representa quase 40% da população da cidade do Rio de Janeiro.
Esse movimento da Uezo, e aqui à época discutimos muito. Lembro do Deputado Alessandro Molon, apresentávamos dúvidas aqui em 2005, Deputado Renato Cozzolino, se o Estado deveria abrir um terceiro projeto nesse espírito universitário, já que a Uerj e a Uenf naquela época já enfrentavam dificuldades.
V.Exa. é testemunha que sempre que se apresenta a este Plenário – V.Exa. foi autor de uma delas – uma iniciativa de expansão de oferta de ensino superior pelo Estado, eu me mantenho cauteloso. Não que eu não deseje. Gostaria que os 92 Municípios tivessem a presença de algum movimento de ensino superior público mantido pelo nosso Estado, mas sei dos dilemas da execução orçamentária. Sei dos limites.
E o projeto de educação, como eu disse, tem que ser um projeto consistente. Não pode ser um projeto que não gere para a sociedade essa confiança. Ciência e tecnologia têm que fazer opções. O Secretário e a sua equipe têm que fazer as opções, especialmente num momento de crise fiscal profunda. Boa parte dessa crise, por responsabilidade da própria gestão dos governos.
Não dá para abrir uma centena de CVTs. Nada contra a política de CVT, mas que funcionam ao bel-prazer da agenda do secretário de plantão, e negar a um projeto que tem que ser consistente, como o da UEZO, que é um projeto de Universidade, para cumprir ali na Zona Oeste do Rio de Janeiro um tripé que a sociedade espera de um centro universitário, que é: ensino, extensão e pesquisa. O Estado não pode mais negar à Zona Oeste, àqueles profissionais, a consolidação desse projeto, em que já vão doze anos, em troca de ações pontuais e que se transformam em ações muito mais eleitorais do que propriamente em ações para um projeto de educação do Estado do Rio de Janeiro. Está na hora de o governo, através da equipe da ciência e tecnologia, fazer as suas opções.
Nós, Sr. Presidente, não temos nenhuma dúvida de que a opção, num caso desse, é pela UEZO, é em consolidar, na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, naquela parte da Região Metropolitana voltada para a Costa Verde e para parte da Baixada Fluminense. Ali o projeto de Ensino Superior público estadual sendo indutor, pelos cursos de tecnólogos, pela pós-graduação e mestrado profissional, com inteligência, com expertise, com aquela equipe de professores altamente qualificados, que possa, através da ciência, da tecnologia, do conhecimento, do ensino, induzir o desenvolvimento econômico e social daquela região, com um centro universitário, com mais cinco, seis milhões no seu orçamento, o que daria alguma regularidade no seu funcionamento. Mas a Secretaria de Ciência e Tecnologia prefere gastar esse dinheiro construindo prédios da Faetec para oferecer CVT e sequer oferecer uma matrícula para cumprir naquela região muito mais um projeto pessoal daqueles que por lá passam, do que propriamente um projeto de Estado.
O Rio de Janeiro e o Governador Pezão têm uma imensa responsabilidade nessa questão, porque precisa chamar a equipe da Ciência e Tecnologia e fazer as opções. Não dá para continuar oferecendo tudo que a Ciência e Tecnologia oferece hoje. Está na hora de fazer opções. E as opções, terminando, Sr. Presidente, são claramente formação profissional regular na escola regular de Ensino Médio e no Pós-Médio ou nos projetos concomitantes ao Médio, e o Ensino Superior público estadual para garantir com que o Estado tenha as suas fontes para a sociedade do conhecimento. Educação tem que ser um projeto de Estado e os secretários de Ciência e Tecnologia precisam ter essa compreensão.
Encerrando, o que queremos é respeito à comunidade da UEZO, respeito à sua equipe diretiva, os seus docentes, seus técnicos, seus estudantes e também respeito à Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

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