O deputado Comte Bittencourt (PPS) fez um discurso na quinta-feira (10/03) mostrando sua preocupação com a falta de água na Região Metropolitana do leste fluminense, especialmente em São Gonçalo e Itaboraí. O parlamentar fez uma comparação do carnaval do Rio com esses outros dois municípios. Enquanto na cidade do Rio de Janeiro, o principal assunto era a falta de banheiros químicos para atender os foliões, em São Gonçalo e Itaboraí não houve problema.
“Lá não há água, por isso só houve o “Blocos dos Desidratados”. Ou seja, como não há nenhum investimento da Cedae no sistema Imunana-Laranjal, em São Gonçalo, há quase uma década, não existe problema de ter ou não banheiro químico. Nesses municípios o bloco é completamente dos desidratados”, disse Comte.
O deputado afirmou ainda que durante o carnaval fez uma pesquisa no site da Nova Cedae e que ficou espantado, pois a página que trata do sistema integrado de Niterói e São Gonçalo ainda é 1998. Comte fez questão de ler o que estava escrito em um dos parágrafos: “Visando à redução desse problema – de água em São Gonçalo – a Cedae deu início às obras de ampliação da produção de água, o que deve estar concluído em 1998”.
Para Comte, São Gonçalo não pode continuar submetido à inoperância completa de investimentos da Cedae no seu sistema de abastecimento e distribuição de água. “Atender àquela macrorregião de São Gonçalo hoje representa elevar a produção de água para ser distribuída a 7m3 – hoje produz 5m3, igual há 12 anos. É um problema sério”, afirmou.
Comte Bittencourt falou também de outros problemas, como o programa para levar a água reutilizada da Estação de Alegria para resolver o abastecimento de água no Comperj, em Itaboraí, e que é abastecida pelo sistema Imunana-Laranjal. Segundo Comte, não vai faltar água para o Comperj, mas vai continuar faltando água para a população que paga impostos. Ele também citou a concessionária Águas de Niterói que, em dez anos, garantiu a Niterói uma cobertura quase completa de tratamento de saneamento, com distribuição de água para toda a população de Niterói. E questionou: “Por que no município ao lado a Cedae não consegue exercer sua obrigação? Por que no município ao lado a população é submetida a mais um verão sem ter a garantia do abastecimento de água?”
A atividade da Cedae, continuou Comte, é garantir saneamento à população do Rio de Janeiro. A atividade-fim da Cedae não é gerar lucro para os seus acionistas. Os acionistas da Cedae são aqueles que pagam tributos ao Estado, pagam taxas para terem direito a água e esgoto. Esses são os acionistas da Cedae. A Cedae existe para prestar serviço à população e São Gonçalo não recebe um real de investimento há mais de uma década. Comte lembrou que há dois anos o presidente da Cedae, Wagner Victer, devolveu um cheque de 300 milhões de reais ao Governador, mas não fez investimentos de saneamento básico de regiões importantes como a região de São Gonçalo.
“O orçamento da Cedae, de um bilhão e setecentos milhões era o previsto para investimentos em quatro anos, mas a Cedae investiu menos de 9%”, lamentou o deputado. E concluiu: “este ano a nova sede da empresa vai ser inaugurada. A prioridade não é o usuário do sistema de saneamento. A prioridade é o edifício inteligente, a nova sede da Cedae, e que vai custar, seguramente de aluguel, uma boa fatia do orçamento da empresa”.
Comte fez um requerimento à Presidente da Comissão de Saneamento Ambiental para que a comissão convoque Victer para vir à Alerj explicar os investimentos para todas as regiões.