A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o desastre que atingiu a região serrana em 12 de janeiro. Em visita a Nova Friburgo no último sábado, 12, data lembrada pelos 60 dias da tragédia, a CPI presidida pelo deputado estadual Luiz Paulo encontrou-se com o prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto pela manhã, que contou como foram as ações do governo municipal durante e após a tragédia das chuvas.
O prefeito em exercício falou também do apoio do governo estadual e da união dos secretários municipais na recuperação do município: “Na tragédia nós separamos bem o que cabia ao Pezão e o que era de responsabilidade da Prefeitura para fazer a cidade funcionar. Sou vice-prefeito e estou como prefeito, e ainda bem que eu pude contar com os secretários municipais. Estas pessoas se doaram além do contrato de trabalho, encarando de frente a situação, mesmo com todas as dificuldades e limitações. Graças a este trabalho conjunto estamos conseguindo reconstruir Nova Friburgo”.
Diante das explanações do prefeito, a deputada Clarissa Garotinho fez a seguinte colocação: “É gratificante chegar em uma cidade que passou por uma situação tão difícil e perceber um clima de desafio por parte do poder público municipal. Isso é muito importante, pois a população precisa olhar para o seu prefeito e ver que tem uma perspectiva para o futuro, o que é fundamental para que os problemas sejam resolvidos”.
Como representante de Nova Friburgo na Alerj, Rogério Cabral, que também integra a CPI da Região Serrana, falou sobre a iniciativa de se avaliar conjuntamente a situação pós-tragédia: “A união dos deputados mostra que o poder Legislativo do estado do Rio de Janeiro está preocupado não só com Nova Friburgo como com toda a região. O nosso objetivo é visitar os prefeitos e ver o que cada município está fazendo em prol das pessoas que perderam residências e familiares. A gente vai acompanhar de perto tudo isso, o que ainda precisa ser feito e também o destino dos investimentos que estão chegando nestas cidades. Temos muitos problemas para resolver, mas eu costumo dizer que no atacado nós já resolvemos, o que a gente precisa resolver agora é o varejo, coisas pontuais nos bairros que estão com dificuldades”.
Também estiveram presentes no encontro os deputados estaduais Comte Bittencourt, Sabino, Nilton Salomão e Janira Rocha. A CPI da Região Serrana tem como objetivo realizar um estudo profundo para investigar, apurar e auxiliar o executivo dos municípios afetados na criação de políticas públicas mais eficientes em futuros desastres naturais.
Sobre a importância de se instaurar uma comissão para tratar destes assuntos, o deputado Comte Bittencourt falou: “A CPI tem três focos bem claros e o primeiro é ver através do diagnóstico presencial que tipo de apoio a Assembleia pode dar as cidades atingidas. O segundo é o acompanhamento do que está sendo feito e os recursos que estão sendo destinados às cidades por parte dos governos estadual e federal e as consequências que a transferência desses recursos trarão para os municípios. E o terceiro é o novo olhar do poder público brasileiro para essa forma de ocupação das cidades brasileiras, que teve como resultado essa história trágica, eu diria. As chuvas quando vêm de forma mais corrente, elas indicam a fragilidade urbana de áreas que foram ocupadas ao longo da história, que não tinham uma política clara para habitações populares e fez com que as cidades brasileiras se tornassem esses aglomerados de construções irregulares. Então espero que situações como esta que aconteceu aqui em Nova Friburgo e na região sirva de aprendizado para todos nós e principalmente para os agentes políticos”.
Dando continuidade aos trabalhos do dia, o coordenador da Defesa Civil de Nova Friburgo, cel. Roberto Robadey, convidou a todos que estavam presentes no gabinete do prefeito para acompanhar uma apresentação detalhada e cronológica dos eventos naturais que se sucederam no município. Robadey explicou que o aviso meteorológico recebido pelo município abrangia todo o estado do Rio de Janeiro, sem uma informação precisa para a quantidade de chuva acometida entre os dias 11 e 12 de janeiro.
Na ocasião, o coordenador destacou ainda a falta de recursos para que o serviço de alerta e prevenção seja mais eficiente junto à população. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, o prefeito Dermeval Neto já dedica esforços para ampliar as verbas direcionadas ao órgão.
Em seguida, a Comissão Parlamentar seguiu para a Fábrica Ypu para acompanhar como está sendo feito o trabalho de recolhimento, triagem e distribuição dos donativos para as vítimas das chuvas. Logo após, a comitiva foi visitar algumas das áreas mais afetadas pelas chuvas, tendo como ponto de partida o centro da cidade. Primeiramente percorreram as ruas Cristina Ziede e Augusto Spinelli, seguindo para a Praça do Suspiro. Em um segundo momento, visitaram o distrito de Conselheiro Paulino, incluindo a localidade do Alto do Floresta, e os bairros de Duas Pedras e Córrego Dantas, algumas das regiões mais afetadas pelas chuvas de janeiro.
O presidente da CPI, Luiz Paulo, que também é engenheiro civil, ficou impressionado com a mudança da geografia do município e avaliou que os estudos geofísicos e de hidrologia da cidade devem ser concluídos com urgência para que todas as áreas de risco sejam imediatamente desocupadas.
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