A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta terça-feira (28/08), em segunda discussão, o projeto de lei 4.021/18 que garante o passe livre nos transportes intermunicipais aos estudantes da rede pública de todas as modalidades de ensino técnico (integrado, concomitante e subsequente) e para alunos de universidades públicas e privadas do Estado do Rio. A proposta seguirá para o governador Luiz Fernando Pezão, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar.
A autoria do projeto é dos deputados Comte Bittencourt (PPS), André Lazaroni (MDB), Flávio Serafini, Eliomar Coelho, Marcelo Freixo (todos do PSol), Tio Carlos (SD), Gilberto Palmares, Waldeck Carneiro, Zeidan Lula (todos do PT), Paulo Ramos (PDT), Silas Bento (PSL), Carlos Minc (PSB), Márcio Pacheco (PSC) e Wagner Montes (PRB).
A proposta altera a Lei 4.510/05, que já garantia o passe livre nos transportes intermunicipais aos alunos dos ensinos fundamental, médio e técnico das redes públicas municipal, estadual e federal. O novo projeto acrescenta na antiga lei a especificação dos diferentes tipos de educação técnica (integrado, concomitante e subsequente) e também estende o benefício para os estudantes do ensino superior.
Houve necessidade de especificação dos cursos técnicos porque a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) interpretou que os cursos de modalidade subsequente, em que os alunos já são formados no ensino médio, não estariam incluídos na regra do passe livre intermunicipal.
Estudantes
Diversos estudantes estiveram presentes no Plenário da Alerj durante a votação desta terça-feira. Entre eles, Caio Sad, que cursa ensino técnico subsequente de Meio Ambiente no Instituto Federal Fluminense (IFRJ) de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. O estudante mora em Cabo Frio. “Atualmente, os alunos do ensino subsequente da Região dos Lagos estão recebendo o passe livre intermunicipal. No entanto, constantemente as empresas de ônibus ameaçam cortar o benefício. A proposta atual garante uma maior segurança aos estudantes. Caso não tivesse o passe livre, teria que pagar R$ 11,10 por dia, o que daria mais de R$ 300 por mês”, afirmou Caio, que também é representante da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet).
No último dia 23 de agosto, as representações estudantis já haviam se reunido com os deputados para debater o tema. Na ocasião, o estudante Gabryel Henrici, de 25 anos, defendeu a ampliação do passe livre. Morador de Duque de Caxias, Gabryel cursa História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Moro na Baixada Fluminense e tenho que vir diariamente ao Centro do Rio para estudar. Gasto aproximadamente R$ 500 por mês somente com transporte. Já pensei em desistir da faculdade diversas vezes, minha sorte é que conto com a ajuda do meu pai”, declarou.
Já a estudante de pedagogia Déborah White, de 20 anos, afirmou que o abandono universitário também é realidade nas instituições privadas. Ela é aluna de uma faculdade privada localizada na Zona Norte do Rio. “Muitas pessoas de baixa renda entram nas universidades privadas por bolsas e programas de incentivo dos governos. Além disso, por ter uma grade mais flexível, que possibilita que o aluno também trabalhe, muitos estudantes optam por faculdades privadas. Também necessitamos deste auxílio para continuarmos os nossos estudos”, afirmou Déborah, que já chegou a pagar R$ 200 por mês em deslocamento até a universidade. “Apesar de morar na Pavuna, a melhor maneira de chegar na minha faculdade é através de ônibus intermunicipais”, contou.