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Redação
RIO DE JANEIRO – O ex-chefe da Polícia Civil e deputado Álvaro Lins (PMDB) negou todas as acusações colocadas contra ele, durante depoimento na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que terminou por volta das 12h30 desde quarta-feira, conforme informou a deputada Cidinha Campos (PDT), que participou da sessão. Ela disse que o depoimento foi “deplorável”.
De acordo com Cidinha, ele negou todo o conteúdo da gravação das fitas com as escutas telefônicas e não explicou a questão patrimonial, que ocasionou a sua prisão em flagrante na última quinta-feira. Para ela, o depoimento prestado ao corregedor-geral da Casa, deputado Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB), foi “uma vergonha”.
“Eles combinaram o depoimento. Primeiro porque o corregedor-geral não queria a minha presença na sessão, que foi a portas fechadas, e depois porque o acusado se negou a responder a todas as perguntas que fiz e só se prenunciou sobre as perguntas cômodas do corregedor. Ele disse que usaria o direito de ficar calado”, contou a deputada.
Cidinha se envolveu numa confusão, no começo da manhã, pois foi interrompida pelo corregedor da Casa de participar do interrogatório. Inicialmente, o deputado permitiu que ela participasse da sessão fechada, mas sem fazer perguntas. Revoltada, a deputada acionou o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), que garantiu a sua presença na tomada de depoimento. “Um grande teatro”, diz deputada
“Acho que estão encenando um grande teatro. Acredito que a corregedoria vai propor a quebra do decoro parlamentar do Álvaro e propor a cassação do mandato aos parlamentares, mas com certeza ele não vai ser cassado. Se isso acontecer, vai abrir precedente para a saída de alguns outros deputados, que são bandidos. Além de tudo, a votação será secreta”, criticou Cidinha.
Lins foi sabatinado pelo corregedor-geral e pelo corregedor-adjunto da Alerj, deputado Comte Bittencourt (PPS). Além deles, participaram da sessão a deputada do PDT e o advogado de Álvaro Lins. Um assessor dele, que estaria presente no interrogatório, foi convidado a se retirar da sala da assembléia.
Álvaro Lins foi preso na última quinta-feira, acusado de comandar uma organização criminosa que, segundo a investigação, usava a estrutura policial para lavagem de dinheiro e facilitação de contrabando para a máfia dos caça-níqueis. O esquema de corrupção foi denunciado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal.