RJTV 2ª Edição
Na Escola Municipal Bento Ribeiro, no Méier, mais de 450 alunos da rede estadual estão matriculados no turno da noite. Eles estudam no mesmo espaço que, durante o dia, recebe alunos do município. São as chamadas escolas compartilhadas: o prédio, que pertence à prefeitura, é cedido, à noite, ao estado. Pelo convênio, as secretarias municipal e estadual de Educação é que decidem quais são as dependências do colégio que vão ser usadas pelos alunos da noite. Mas nem sempre esta divisão dá certo.
Segundo a Secretaria Estadual de Educação, em mais da metade das 294 escolas compartilhadas há reclamações sobre a falta de estrutura. No Colégio Bento Ribeiro, alunos do estado dizem que a cozinha e o refeitório ficam fechados e, por isso, recebem apenas um lanche, servido em um balcão improvisado. “Vim correndo com fome. Um lanche dessa qualidade não dá”, reclama um aluno.
No colégio, um cadeado impede o acesso ao auditório, à biblioteca e à sala de informática. “Hoje, todo mercado de trabalho pede informática e nem todo mundo tem condições de pagar um curso”, critica uma aluna.
Em uma outra escola, em Vila Isabel, alunos com deficiência auditiva têm aulas em salas comuns. O diretor da escola, Ricardo Portela, mostra que o espaço equipado para eles fica fechado durante a noite. “Se a lei bem clara quando diz que não podemos negar ao deficiente condições para a sua formação, obviamente essas salas fechadas estão prejudicando a formação do aluno deficiente”, afirma Portela.
Diretores da rede municipal dizem que fecham dependências das escolas no período noturno por medo de vandalismo. A Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) informou que vai pedir a revisão do convênio. “Nós precisamos abrir um debate sobre esse compartilhamento dos espaços, já que nós estamos tratando de prédios públicos. Isso cria um prejuízo pedagógico, prejuízo na vida desses alunos e ajuda a aumentar a evasão escolar”, conclui o deputado estadual Comte Bittencourt, do PPS.
A Secretaria Estadual de Educação informou que vai discutir com a Secretaria Municipal de Educação as soluções para os problemas nas escolas compartilhadas.