Site Comunidade Exkola
Apesar da preocupação com o aumento dos casos de repetência e evasão escolar e do estado ter amargado o penúltimo lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no País, o relatório apresentado pela Secretaria de Estado de Educação durante audiência da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), nesta quarta-feira (28/07), trouxe alguns dados positivos. “A exposição desses números é uma determinação da nova Lei de Responsabilidade Educacional (Lei 5.451/09), de minha autoria. No entanto, o que vimos aqui hoje foram números defasados, sendo muitos deles referentes a 2005, falta de explicação para a evasão de alunos e professores, baixo aproveitamento nos programas de Educação do Governo e pouca preocupação com o baixo rendimento do Rio na avaliação do Ideb, novo indicador de qualidade no ensino divulgado pelo Ministério da Educação”, apontou o presidente da comissão, deputado Comte Bittencourt (PPS). Ouça do deputado Comte Bittencourt: http://alerj.posterous.com/deputado-comte-bittencourt-pps-fala-sobre-num O relatório educacional do Governo foi apresentado pelos subsecretários Executivo, Júlio da Hora, e de Gestão da Rede e de Ensino de Educação, Tereza Pontual – a secretária Tereza Porto não compareceu. De acordo com o documento apresentado, o estado conta com 1.254.160 alunos matriculados, sendo que 39%, ou 489.743 alunos, estão matriculados no ensino médio e 428.291, ou 34,1%, no ensino fundamental. Sobre a taxa de analfabetismo, da Hora frisou tratar-se de números de 2005. Entre os alunos com idades que variam de 10 a 14 anos, o índice fluminense aponta 1,3% de analfabetos, enquanto a taxa nacional atinge 3,4% e o indicador do Estado de São Paulo aponta para 0,8%. Já para os alunos com mais de 15 anos, o número do Rio – 4,8% – é menor do que a média nacional – 11,1% – e a do estado vizinho – 5,4%. O levantamento sobre a evasão escolar também mostrava números de 2005, apontando para 11,4% do total de alunos que deixaram de estudar. O relatório mostrou ainda que existem 76.182 professores ativos na rede estadual e apenas 561 professores com contratos temporários. Sobre a infraestrutura das escolas, o documento apontou que, dentre as 1.492 escolas estaduais, 1.265 contam com laboratórios de informática, 1.107 delas possuem bibliotecas e 554 contam com quadras cobertas para a prática esportiva. Para o deputado Marcelo Freixo, que é professor, a defasagem desses números indica que o trabalho da secretaria fracassou. “A maior prova é a penúltima posição do estado na avaliação do Ideb. Temos hoje uma massa jovem que não tem perspectiva e isso se reflete na presença desses jovens nas cadeias. As escolhas do Governo foram equivocadas. A opção por continuar pagando baixos salários aos professores para que esse dinheiro fosse investido em outros caminhos também foi um erro”, comentou Freixo. De acordo com a coordenadora do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio (Sepe), Maria Lugão, os números apresentados podem enganar a população do estado. “Existem índices defasados, como a taxa de analfabetismo. A secretaria maquiou os dados e apresentou microprojetos soltos no espaço, sem nenhuma amarração pedagógica. Estamos vendo baixíssimos salários, uma alta rotatividade de professores na rede e a falta de funcionários. O relatório não se aprofundou em nada, não apontou nenhuma causa para o baixo desempenho no Ideb e não quis detectar as falhas do sistema”, criticou a professora. Em defesa do documento, o subsecretário Julio da Hora explicou: “alguns dados não estão em tempo real porque, em 2009, esses números não eram confiáveis. Hoje, eu tenho como saber quantos alunos estão matriculados, em quais escolas e quais professores atendem esses jovens”. Ele comentou que os dados passarão a ser auferidos a cada dois meses a partir de 2011. O deputado Comte Bittencourt anunciou que fará uma nova audiência para convidar a secretária Tereza Porto. “Queremos ouvir dela as explicações para todas as questões que foram levantadas neste encontro. Seguramente essa prática de apresentação de indicadores vai fazer com que o povo fique mais atento. Esses números vão gerar desdobramentos para novos debates”, comentou o presidente da comissão. Também estiveram presentes os deputados Paulo Ramos (PDT) e Alessandro Molon (PT).