Pasta diz que se trata de realocação de alunos e sindicato quer anulação. Transferência causaria risco para estudantes, dizem eles.
A Comissão Estadual de Educação do Rio recebeu nesta quarta-feira (30) o secretário da pasta, Wagner Victer. Ele negou que escolas serão fechadas por conta da crise ou que haveria demissões de professores, e argumentou que se trata de um ajuste de turmas por conta de vagas ociosas. O secretário foi duramente criticado por professores e alunos, que rebateram as afirmações.
Para eles, as vagas estão ociosas por conta do sucateamento das unidades – onde falta material e recursos humanos. Em alguns casos, a “otimização” – como chama o Estado – municipalizaria as escolas. Mas há prefeitos recém-eleitos, segundo os deputados, dispostos a fechar as escolas quando assumirem.
Alunos dizem também que a mudança de um colégio para outro pode colocá-los em comunidades vizinhas às suas, onde há facções rivais e onde correriam risco de vida. Por conta disso, argumentam, aumentaria a evasão escolar.
“Por mais que a secretaria diga que não é uma política de enxugamento de gastos, nós achamos que é, sim. O professor, em vez de ter 30 alunos, vai ter 50. (A secretaria) Trata a educação não como investimento mas como gasto”, afirma a coordenadora do Sindicato Estadual de Profissionais de Educação (Sepe-RJ).
Victer deixou a audiência aos gritos de “Fora, Victer” e sem falar com a imprensa.
O Sepe pediu ainda a suspensão imediata do processo da reorganização, sendo encampado por parlamentares. E quer também o início da consulta das comunidades escolares para analisar as mudanças caso a caso.
“Não quero ser tratada como número. Eu quero ser ouvida”, disse a estudante Elaine Oliveira Melchiades. Algumas das transferências de colégios, como mostrou a Secretaria de Educação (Seeduc), podem significar uma distância de até dois quilômetros. Em outros casos, a mudança é na mesma rua ou de 300 metros.
“Para quem não pega ônibus e vai precisar pegar dois muda muito”, diz Marta.
A pasta afirma, porém, que as coordenadorias regionais são responsáveis para analisar se as transferências são viáveis e se os alunos podem circular com facilidade entre as unidades. Os professores, por sua vez, se queixam de não ter sido consultados.
O encontro ocorreu ao mesmo tempo em que alunos protestavam numa das entradas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde aconteceu a audiência pública. Eles carregavam faixas tratando a mudança como fechamento.
De acordo com Victer, a pasta não se comunicou bem e a confusão teria acontecido por conta da publicação em diário oficial de mais de mil escolas que já teriam acabado há décadas. Ele disse ainda que as vagas de renovação aumentaram e denunciou boatos em redes sociais.
“A Seeduc diz que informou, mas não consultou. Existe uma diferença brutal entre informar e consultar a comunidade. E em vários casos nem informar, informou”, disse a diretora do Sepe.