O Repórter On line
O presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, deputado Comte Bittencourt (PPS), vai intermediar um encontro entre a presidência da Casa e as representações de professores e profissionais técnico-administrativos da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que estão em greve desde 16 de agosto por conta de reivindicações – principalmente salariais. A decisão é resultado da audiência pública realizada hoje (8/9), às 10h, na Alerj, quando deputados receberam o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Luiz Edmundo Horta, e representantes da Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf), entre outros. O reitor da Uenf, Almy Júnior Cordeiro, não compareceu.
Segundo representantes da Aduenf, os problemas na universidade se agravaram em virtude do cancelamento da verba de R$ 10 milhões conseguida no final do ano passado pela Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Estaduais, criada em 2007. Na época, as universidades do estado receberiam a mais, do governo do estado, R$ 40 milhões para o orçamento de 2010. Só que o dinheiro acabou sendo cancelado sem explicações.
A conquista para a Uenf seria de R$ 10 milhões para reajustar e corrigir a defasagem salarial dos professores e funcionários. “Fico muito preocupado com a situação dos mais de 4 mil alunos que estão sendo prejudicados e ainda não recomeçaram o ano letivo. Se a emenda conseguida no final do ano passado não tivesse sido cancelada pelo governo, a Uenf não se encontraria nessa situação”, afirmou Comte, que irá à universidade na próxima semana. “Vamos tentar, mais uma vez, que essa verba, que seria justamente destinada à recomposição da perda salarial dos professores, seja liberada pelo governo”, completou Comte.
Presidente da Aduenf, Marcos Pedlowski disse que a greve era inevitável, por uma série de equívocos cometidos pelo governo do estado. “Hoje temos uma evasão de 20% do corpo docente e de até 30% dos servidores. Também não temos concurso público para o setor técnico desde 2002. Mas o cancelamento da verba de R$ 10 milhões só piorou a situação, já que os professores têm perdas salariais acumuladas nos últimos dez anos”, lembrou Pedlowski. Ele citou também a mensagem que foi enviada pelo governo concedendo 22% de reposição apenas para os funcionários de apoio, criando um problema grave na estrutura acadêmica da instituição.
Ainda de acordo com o presidente da Associação, se a emenda de R$ 10 milhões for liberada imediatamente, a greve poderá ser suspensa. “Queremos que esse dinheiro seja retornado para a Uenf, para que ele cumpra a finalidade de conceber uma reposição emergencial para os professores. Também precisamos, com urgência, negociar com o governo uma política de reposição salarial, já que as perdas chegam a 49%, no caso dos professores, e a 33%, no caso dos profissionais de apoio”, afirmou Pedlowski.
O secretário de Ciência e Tecnologia do Estado não apresentou solução para a greve na Uenf. “A questão orçamentária não resolve necessariamente a salarial, que fica a cargo da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e que entende que, em comparação à Uerj, os salários da Uenf estão compatíveis”, disse Luiz Edmundo.
Representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação de São João de Meriti (Sepe), que também estão em greve desde o último dia 17 de agosto, compareceram à audiência e pediram a ajuda da comissão para que haja a retomada da negociação com o prefeito do município, Sandro Matos. Segundo os diretores do Sepe do município, Marta Moraes e Luiz Carlos de Abreu, além de se recusar a recebê-los, o prefeito ameaça cortar o ponto dos professores da pré-escola, educação infantil e fundamental.
Participaram da audiência, além de outros deputados, representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais (Sintuperj), do Diretório Central de Estudantes da Uenf; e da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj).