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A situação caótica do sistema do transporte público na Região Metropolitana do estado não é novidade. Há décadas, a vida não é fácil para quem depende dos trens, ônibus, barcas e metrô para chegar ao trabalho diariamente. Mas com a pandemia e a disparada no preço dos combustíveis, a crise chegou a tal ponto, que, sem uma reformulação urgente no sistema, o colapso é uma questão de tempo, de pouco tempo.
Embora sejam proibitivas para a maioria dos passageiros que precisam do transporte público, as tarifas praticadas não garantem a saúde financeira do sistema. Este desequilíbrio se acentuou no período da pandemia, com a redução de até 70% no número de viagens em alguns modais e consequentemente da arrecadação. A queda na qualidade do serviço e na frequência dos transportes públicos se acentuou na mesma medida. A retomada das atividades presenciais dos últimos meses não tem sido suficiente para inverter esta tendência de sucateamento.
O caso dos ônibus é um bom exemplo da crise no sistema. Os reajustes na tarifa não acompanham – nem poderiam – o preço do diesel, que somente em março disparou 28%. O reflexo é sentido na redução de horários, nas falhas de manutenção e conservação dos veículos. As linhas intermunicipais, que funcionam com permissões caducas de mais de duas décadas, sequer foram licitadas pelo Detro, órgão público que representa o poder concedente e a agência reguladora, em um claro conflito de responsabilidades. O BRT, encampado oportunamente pela Prefeitura do Rio, vive o desafio de se viabilizar por falta de interesse da inciativa privada no modelo de operação proposto.
A crise no transporte coletivo metropolitano ameaça direitos essenciais, como o acesso ao trabalho, à escola ou a um hospital. É preciso ter a coragem de encarar esta dura realidade como oportunidade para realizarmos mudanças estratégicas, como ampliar a integração dos modais, rever o financiamento baseado somente na tarifa paga pelos passageiros e criar instâncias intermunicipais de administração do sistema como um todo.

Revigorar o transporte público na Região Metropolitana do Rio é decisivo para a retomada da Economia do estado. Evitar o caos que se anuncia é uma condição básica para a manutenção dos empregos e a atração de novos investimentos. Cabem aos gestores públicos criar os espaços de atuação conjunta e buscar um pacto com a sociedade civil e a iniciativa privada pelo resgate do nosso direito sagrado de ir e vir.

Comte Bittencourt é vice-presidente da executiva nacional do Cidadania
https://odia.ig.com.br/opiniao/2022/04/6383743-comte-bittencourt-transporte-metropolitano-proximo-ao-ponto-final.html