As incertezas em relação ao retorno ou não das aulas presenciais no Rio de Janeiro, além da chegada dos sistemas híbridos nas escolas da cidade, tem deixado muitos pais e professores inseguros em relação a como lidar com a ida dos filhos para a rua. Por outro lado, as aulas remotas, desde que as escolas adotaram o ensino à distância por causa da pandemia de covid-19, têm sido fontes de novas descobertas para as famílias.
Tanto os pais quanto os filhos têm lidado com dilemas ligados à concentração dos filhos, à internet que cai, ao fato das crianças não estarem podendo mais encontrar com os colegas – e ao chegarem na escola para as aulas híbridas, terem que manter o distanciamento. A advogada Samantha Windsor, por exemplo, recorda que, em casa, manter a concentração de um filho que está aprendendo a ler não é nada fácil. “Graças a Deus, ele não precisou de apoio psicológico. Teve uma estrutura muito boa da escola e da professora em parceria conosco”, recorda ela, cujo filho já retornou para o ensino híbrido numa escola da Vila da Penha, onde a família mora. “Precisei prender a atenção dele num local cercado de objetos bem mais atraentes que os livro.
SEM SOCIALIZAÇÃO
Pais lidam com depressão dos filhos . O governo do estado do Rio soltou um decreto, válido até hoje, que permite a retomada às aulas presenciais em escolas particulares das Redes Pertencentes ao Sistema Estadual de Educação, o Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe). A decisão de receber os alunos fica por conta de cada instituição de ensino. O funcionamento será híbrido, com a continuidade de aulas remotas e atendimento presencial máximo de 50% da capacidade da unidade de ensino. Para Maria Fernanda Lamim, que vive a situação do ensino remoto nas duas pontas – como mãe e professora de teatro da rede municipal do 7º, 8º e 9º anos – um grande desafio das aulas remotas é chegar nos alunos. “Eles têm muitas limitações de equipamentos, internet e espaço”, conta.
A psicóloga Maria Cristina Urrutigaray explica que nesse período de isolamento, os pais precisaram lidar bastante com a depressão dos filhos, e que muitos estavam querendo mesmo que eles voltassem para a escola. “O que conta é a questão da socialização. A gente não mora mais em casas com quintal”, conta ela, recomendando que os pais sempre busquem incentivar a imaginação dos filhos. “Que eles tenham bastante paciência porque é um período difícil.
A criança pode até ser levada a um parquinho, mas a aglomeração é perigosa. Tem que usar máscara e álcool gel”. Coordenadora do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio), Izabel Costa diz ter ficado surpresa com a autorização da reabertura, e ressalta que os profissionais da rede estadual estão em greve pela vida, justamente pelo risco de contaminação. “Consideramos que é uma disputa política, não é mais uma disputa científica. A prefeitura do Rio precisa responder às demandas dos pais, que vêm expressando uma grande preocupação com a contaminação Fazemos nossa parte, que é enviar denúncias à Secretaria de Educação toda semana”, conta ela.