Jornal O Globo- Para se contrapor à federação entre União e PP, MDB busca parceria com o Republicanos-

A expectativa é que o presidente do MDB, Baleia Rossi, tenha uma primeira reunião com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, nos próximos dias. Aprovado pelo Congresso em 2021, o mecanismo da federação estreou no ano seguinte. Desde então, dois ou mais partidos políticos podem se unir e atuar como se fossem uma única sigla por no mínimo quatro anos.

Entre os emedebistas, o plano de buscar formar a federação é visto como essencial, caso a junção do PP com o União seja mesmo sacramentada. O PP já aprovou a parceria e agora aguarda o aval do União. Para lideranças do MDB, a disputa no campo do centro ficará desproporcional com essa federação, que teria 109 deputados, a maior bancada da Câmara, e 14 senadores. União e PP ficariam juntos com a maior fatia dos fundos partidário e eleitoral, o que garantiria aos dois partidos capacidade para atrair os candidatos mais fortes para o Congresso nos estados em 2026.

No Republicanos, dirigentes afirmam que ainda não há nenhuma discussão sobre a possibilidade de junção com o MDB e que o assunto não está na pauta do partido no momento.

Assim como está ocorrendo nas negociações para a formação da federação entre União e PP, o grande entrave para a aliança do MDB e do Republicanos deve ser regional. São previstas disputas pelo comando da federação entre políticos do MDB e do Republicanos nos estados.

Os dois partidos fazem parte da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o MDB ocupa uma espaço maior na Esplanada com três ministérios: Cidades, Transportes e Planejamento. Já o Republicanos é representado apenas por Silvio Costa Filho no comando da pasta de Portos e Aeroportos.

Além disso, o Republicanos tem no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro e aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o seu principal quadro de projeção. Também fazem parte da legenda a ex-ministra e atual senadora Damares Alves (DF) e o ex-vice de Bolsonaro e senador Hamilton Mourão (RS).

A formação da federação obrigaria os dois partidos a apoiarem o mesmo candidato a presidente em 2026. Integrantes do governo federal alimentam a esperança de atrair o apoio do MDB para a eventual candidatura de Lula à reeleição. Com a união com o Republicanos, o plano poderia ficar mais difícil.

Há uma ideia em discussão no MDB de trazer também o Cidadania, que tem quatro deputados, o que faria com que a nova federação ultrapassasse o PL como segundo maior bancada da Câmara. O presidente do partido, Comte Bittencourt, porém, descarta. O Cidadania acabou de romper uma federação com o PSDB.

— Acabamos de sair de uma separação e não vamos entrar em outro casamento agora.