Revista Somos Assim
Ministério Público instaura Inquérito Civil para investigar obras da Uenf.
Obras idênticas, mesma construtora, preços diferentes
A construção de dois estranhos quiosques na Universidade Estadual do Norte Fluminense está dando uma séria dor de cabeça ao reitor Almy Jr. Pouco depois de a Comissão de Educação da Alerj pedir informações sobre a obra, com base em denúncias feitas por um grupo, o Ministério Público Estadual, através do promotor Êvanes Soares, decidiu abrir inquérito para investigar o caso, protocolo nº 2739/09. Os problemas na construção dos quiosques começaram ainda na fase de licitação. A primeira tomada de preço, referente a um dos quiosques, foi realizada de manhã com o valor de R$ 257.492,96. À tarde, logo após o almoço, outra licitação, também por tomada de preço, referente ao segundo quiosque foi de R$ 291.079,67. Na época, a Somos procurou a empresa executora da obra que confirmou que os projetos para os dois quiosques são idênticos, o que dificulta qualquer tentativa de explicação sobre a diferença de valores.
Além da polêmica com os preços das duas licitações, há ainda a questão da alteração da obra de Niemeyer. A nossa equipe de reportagem fez contato com o escritório do arquiteto para saber qual era a sua postura em relação a alteração da sua obra. A resposta do escritório de Niemeyer foi categórica: “Quando ocorre caso semelhante o arquiteto retira sua autoria”. Perguntamos se o arquiteto e seus representantes foram previamente consultados para alterar o “cocar” que é característico do projeto arquitetônico de Niemeyer para Uenf, ao que o escritório do arquiteto respondeu que não foram consultados. Apesar de tudo isso, as obras continuaram.
Hoje quem passa pela Uenf pode ver que as construções estão quase no final. Mas os problemas que o reitor terá que enfrentar para justificá-las estão apenas começando. Na placa de execução da obra consta a empresa P.F.M.P. Construtora LTDA, CREA/RJ 9920059-0, como vencedora da licitação e o responsável técnico José Geraldo Sarmet Moreira Smirdele, CREA/RJ 83101566, irmão de Luiz Gabriel Sarmet Moreira Smirdele, diretor de Gerência de Projetos de Engenharia da Uenf e responsável por fiscalizar as obras, o que evidencia, pelo menos, uma estranha “coincidência” destacada na coluna Extra, Extra!, da jornalista Berenice, no Jornal Extra.
Por todos esses acontecimentos, a Uenf tem chamado a atenção das autoridades competentes para fiscalizá-la. Na última semana, em reunião com a Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Aduenf), o presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Comte Bittencourt (PPS) disse que:
— Eu já mandei pedir informações sobre os quiosques. Até porque a reitoria diz que não foram recursos da nossa emenda, então queremos entender o que aconteceu. Mas em dois anos nós colocamos R$ 10 milhões aqui para expansão física, que foi o fruto da primeira audiência que realizamos. Estavam presentes professores, alunos e funcionários e a grande reivindicação da comunidade universitária na época era a questão da infra-estrutura. Eu saio daqui com o compromisso de que a próxima emenda que conseguirmos para a Uenf seja destinada a alguma reposição salarial da Universidade e não a expansão — disse o deputado.
Com a investigação do Ministério Público sobre os quiosques, o reitor Almy Jr. pode estar perto de realizar o desejo que manifestou de figurar na grande mídia da capital.