O Rio de Janeiro realiza 36% das pesquisas do Brasil relacionadas ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya, liderando os estudos na área. A informação foi divulgada pelo diretor científico da Faperj, Jerson Lima Silva, em audiência pública da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), nesta quarta-feira (23/03).
O presidente do colegiado, Comte Bittencourt, demonstrou preocupação com a epidemia e anunciou que pretende aprofundar o debate sobre o tema no Parlamento, envolvendo outras comissões como a de Saúde e a de Orçamento, realizando novas audiências. Para o deputado, a Casa deve ir além da discussão sobre a redução de 50% dos recursos destinados à Faperj, como prevê a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 19) enviada à Alerj pelo Executivo.
“Estamos falando de uma epidemia séria que afeta todo o Estado. Mesmo com a grave crise fiscal fluminense, essa área deve ser preservada. Aliás, deveria receber reforço orçamentário. O governo demonstra suas contradições quando retira investimentos do único caminho que temos com alternativa à dependência da cadeia de óleo e gás. Não há outra alternativa para pensar o desenvolvimento do Rio de Janeiro que não seja através da ciência, da tecnologia e da inovação”, explicou o deputado.
O diretor da Faperj está apreensivo com a possibilidade de recuo nas pesquisas caso a PEC 19 seja aprovada. A Fundação passaria a receber 1% da receita líquida tributável do Estado, ao invés dos 2% previstos constitucionalmente.
“Se os recursos forem reduzidos vamos perder todo o trabalho que está sendo desenvolvido pelos estudiosos. Seria como retroceder uma década”, afirmou Lima.
Durante o encontro da comissão, o diretor também lembrou que pesquisadores estão migrando para outros estados em busca de remunerações melhores e regulares.
“Em função do atraso no pagamento das bolsas, já tivemos alunos que foram pra São Paulo. A nossa preocupação é que o Rio tenha uma fuga de mentes inteligentes para outros estados e até para fora do país”, lamentou Lima.
Há nove anos, a Faperj pesquisa sobre o Aedes Aegypti e nesse período já foram destinados cerca de R$36 milhões para os estudos do vetor. Segundo Lima, apenas para manter o custeio das pesquisas sobre Zika, Dengue e Chikungunya, a Faperj precisa de R$ 12 milhões para 2016.
“No ano passado recebemos apenas R$ 676 mil para pagar os bolsistas e dar continuidade às pesquisas”, concluiu Lima.
Atualmente, a instituição conta com mais de 5 mil cientistas e 400 grupos de pesquisas, que estão há 3 meses sem receber vencimentos. Segundo Ana Luiza Valadão, bolsista da Faperj, a maior parte desses pesquisadores só tem essa fonte de renda.
“Até o ano passado a Faperj sempre foi uma excelente pagadora, mas agora estamos vivendo um momento vexatório. O número de trabalho aumentou e os bolsistas estão trabalhando nos finais de semana, mesmo sem receber”, acrescentou Ana Luiza.