Relatório: 98 escolas fecharam; 64% dos colégios não tem laboratório de ciências

Índice de alunos do Ens. Médio do Rio atrasados beira o dos estados do Nordeste

Um relatório da Lei de Responsabilidade Educacional da Secretaria estadual de Educação do Rio de Janeiro divulgado esta semana revela que o número de escolas da rede estadual extintas chegou a 98 até o final do ano passado. A informação consta na página número 25 do documento. A assessoria da Secretaria estadual de Educação, por sua vez, diz que o dado refere-se às unidades que teriam sido municipalizadas. Isto é, entregues à Prefeitura do Rio por serem de Ensino Fundamental.

Além disso, o documento revela que diminuiu o número de escolas da rede estadual que possuem bibliotecas, laboratórios de informática e de Ciências, considerados por especialistas, como fundamentais para o desenvolvimento dos alunos dos ensinos Fundamental e Médio.

Ainda de acordo com o relatório, das 1354 escolas existentes na rede estadual, 1 mil tem bibliotecas. Outras 354 não possuem. No ano passado, o número era de 1142 escolas com bibiotecas. Outro dado que chama a atenção é a diminuição do número de escolas com laboratórios de informática. Em 2012, o número era de 1264. Este ano, caiu para 1149.

O mesmo aconteceu com os laboratórios de ciências: em um ano, passaram de 675 para 488. Isto é, houve redução de 187 laboratórios deste tipo. Assim, este ano, apenas 36,04% escolas da rede contam com tais espaços para o ensino de disciplinas como Química.

Com relação a infraestrutura, o único item que apresentou melhora foi a construção de quadras poliesportivas. Em um ano, o número aumentou de 1220 para 1234.

Presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o deputado Comte Bittencourt diz que mesmo com a obrigatoriedade da secretaria apresentar um relatório anual há dúvidas sobre alguns dados.

“No relatório, a secretaria apresenta que entre um ano e outro, houve a diminuição no número de matriculas no ensino médio. Mas o que isso representa? Ocorreu evasão? Não houve matrícula? Esse diagnóstico nós não temos”, diz.

Comte acrescenta que o secretário Wilson Risolia se comprometeu a construir dez novas escolas até o início do próximo ano.

“Há equívocos do governo estadual no nestas municipalizações e descompartilhamentos de escolas. No entanto, os deputados estaduais estão cobrando melhorias. Em reunião, o secretário estadual de Educação prometeu construir dez escolas até o início do ano que vem”, pondera.

Alunos atrasados

Uma análise do quadro de comparação da “distorção idade-série” entre estados mostra que o Rio de Janeiro tem 43,4% dos alunos fora da série recomendada para a sua idade. Ou seja, estudantes atrasados no colégio.

Com 43,4%, o Rio de Janeiro está atrás apenas dos estados Piauí (54,2%), Pernambuco (44,4%), Alagoas (51,3%), Maranhão ( 44,9%), Sergipe (53,8%)e Paraíba (43,6%). Em contrapartida, no último ano, o Rio foi o estado que mais reduziu tal disparidade.

De acordo com o secretário Wilson Risolia, houve melhora na taxa de rendimento e a redução da defasagem idade/série caiu de 60% para 43% no último ano.

Só 15% dos professores tem pós-graduação:

O percentual de mestres com pós-graduação lato sensu é de apenas 15%. Quando o assunto é mestrado, a taxa despenca para 2,5%. Para Doutorado,  o percentual é de apenas 0,5%.

Sobram vagas em duas séries

O primeiro ano do Ensino Médio é o que tem maior número de vagas ociosas, segundo o documento. Seguido pelo 6º ano do Ensino Fundamental (18.492) e pelo Ensino de Jovens e Adultos (18.384).

Seeduc responde:

O relatório entregue aos parlamentares é público e amplamente divulgado pela Secretaria de Estado de Educação, e demonstra transparência por parte da Seeduc. Os números, que são atualizações dos dados da rede estadual de ensino, são reflexos das municipalizações e descompartilhamentos de unidades escolares com as redes municipais, que, em casos como o da cidade do Rio de Janeiro, vêm assumindo os alunos do Ensino Fundamental.

Quando, no relatório, está escrito sala em efetiva utilização, quer dizer que são as onde há alunos. Não quer dizer que o menor número signifique não não haja a sala, mas sim que há sala ociosa e, por isso, a transferência de estudantes que estavam em prédios compartilhados. Por isso, o descompartilhamento. O relatório mostra, ainda, que há 82.576 vagas ociosas. Ou seja, nas escolas e salas de aula da rede estadual, há, ainda, vagas para 82.576 estudantes. Ou seja, não houve fechamento de colégios nem os alunos ficaram sem estudar.

Jornal do Brasil

Maria Luisa de Melo

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