Troca de farpas na Alerj continua

Cidinha e Clarissa dizem que querem encerrar ataques, mas se alfinetam nos bastidores

O bate-boca entre as deputadas Cidinha Campos (PDT) e Clarissa Garotinho (PR) em plenário na terça-feira não cessou ontem e esquentou o clima na Alerj. Ontem, os ataques ocorreram nos bastidores e deputados comentavam a discussão. Os versos de ‘A Casa’, do poeta Vinícius de Moraes serviram de munição para o confronto entre Cidinha e Clarissa. A mais jovem pediu a palavra e, conforme antecipou a coluna ‘Informe do DIA’, narrou uma paródia da música, cujas frases mais suaves acusam a pedetista de frequentar bingos, ter duas mansões e manter ligações com o jogo do bicho.

Cidinha, que na réplica de terça-feira disse que não falava por metáforas e vociferou que, com ela (Cidinha), era “tiro, porrada e bomba”, ontem disse que não comentaria mais o assunto: “Não vou servir de escada para deputada nenhuma”, alfinetou.

Clarissa também não quis se estender na polêmica, mas respondeu no mesmo tom: “Eu é que não vou servir de trampolim para político em final de carreira”, afirmou.

O deputado Paulo Ramos (PDT) lamentou. “Foi um espetáculo deprimente. Se a Clarissa tem denúncias sobre algum parlamentar, que as faça de forma clara, sem subterfúgios. Assim não é construtivo”. O deputado Luiz Paulo Corrêa (PSDB), membro do Conselho de Ética, acredita que o bate-boca só prejudica a imagem da Alerj.

“Esse tipo de discussão não engrandece o parlamento”, disse o tucano. Em seu blog, o ex-governador e atual deputado federal Anthony Garotinho (PR), pai de Clarissa, disse que “em qualquer parlamento civilizado, Cidinha seria enquadrada por falta de decoro”. O poema foi reproduzido por Clarissa em seu blog, sob o título ‘Enlouquecidinha’.

SEM PUNIÇÃO

O presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB), minimizou o assunto, dizendo que houve apenas uma “discussão entre as parlamentares”. Ele afirmou que não ouviu Cidinha dizer à Clarissa “Enfia a rosinha na outra Rosinha”, frase que não aparece no site da Alerj porque foi dita fora do microfone. Logo depois, Melo encerrou a sessão. O deputado Comte Bittencourt (PPS), corregedor da Alerj, disse que só tomará alguma medida punitiva, caso a mesa diretora da Casa ofereça a denúncia.

Leia a íntegra da discussão, publicada com exclusividade na edição de ontem do ‘Informe do Dia’ e que foi o assunto de ontem na Alerj. O embate entre as deputadas aconteceu, na terça-feira, em plenário:

CLARISSA GAROTINHO
“Era uma senhora muito engraçada/ Tão incoerente, tão descontrolada/ Ao jogo do bicho devia favor/ E adorava o Bingo do Arpoador (…)/ Na mansão da Barra, trabalhava/ Na mansão de Búzios, descansava/ Cresceu sempre na oposição/ Chamando todo mundo de ladrão/ Mas para desmascarar a enlouquecidinha/ Só o horário nobre na telinha.”

CIDINHA CAMPOS
“Acabei de ouvir uns versinhos tão débeis, tão mal escritos, tão elementares, tão primários e sem coragem! O que dignifica o Parlamento é a coragem do parlamentar. (…) Comigo é tiro, porrada e bomba. (…) A minha casa em Búzios foi paga com meu dinheiro! A minha casa na Barra também foi paga com meu dinheiro! Eu não tenho culpa se a família da deputada rouba e não consegue nem com isso fazer patrimônio! (…) Está na hora de ser macho, menina!”

CLARISSA GAROTINHO
“Eu não sei por que a deputada Cidinha Campos achou que o meu versinho foi dirigido a ela. Ela veio aqui muito nervosa. (…) Acho que a deputada está muito carente. Eu trouxe uma rosinha para dar para ela porque acho que ela está precisando.”

CIDINHA CAMPOS
(resposta dada já com o microfone cortado): “Enfia a rosinha na outra Rosinha.”

O Dia
Marcos Galvão

 

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