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Sabrina Pirrho e Caio Barbosa | Rio
Os critérios adotados pela Universidade Estácio de Sá em seu vestibular causaram espanto a alguns parlamentares ligados à educação, que lamentaram a postura da instituição. Na terça-feira, o SRZD mostrou a facilidade com que a repórter Sabrina Pirrho foi aprovada para o curso de Arquitetura e Urbanismo tendo feito apenas uma redação recheada de erros.
“Eu até acho que alguém que faz uma bela redação tem condições de entrar em qualquer curso, porque uma bela redação, uma redação de verdade, só faz quem tem conhecimento em diversas áreas. E o mesmo vale para quem não sabe. O MEC está equivocado ao elaborar estes critérios que permitem o ‘pagou, passou’, que é lamentável, critica a vereadora Aspásia Camargo (PV).
O deputado estadual Rodrigo Dantas (DEM) diz que há pouco o que se fazer e elogiou a reportagem do SRZD. Segundo o parlamentar, o importante é dar ao cidadão o máximo de informação possível sobre as instituições de ensino.
“O que o poder público pode fazer é informar a sociedade, como faz a matéria. A verdade é que a Estácio pode fazer o vestibular que quiser, e acho que este tipo de avaliação prejudica a imagem da própria faculdade. E vamos ser francos: quem faz um vestibular desse sabe onde está se metendo, não é? Quem vai regular isso é a sociedade, e o maior prejudicado é o arquiteto que já se formou por lá, porque na hora que for procurar um emprego e mostrar onde se formou, o empregador vai dizer “me desculpe, mas você tem é um diploma, você não é arquiteto. A gente sabe como são estes arquitetos formados lá”. E aí, como fica?”, diz Dantas.
O deputado estadual Comte Bittencourt (PPS), que preside da Comissão de Educação da Alerj, tem opinião semelhante.
“Há uma nova realidade na questão do vestibular. Como a oferta de vagas é enorme, o vestibular nas universidades particulares deixou de ser eliminatório e passou a ser classificatório. Cabe ao aluno procurar conhecer cada instituição. O MEC tem procurado, através do Enade, corrigir todas as distorções e equívocos. E justiça seja feita, tem trabalhado muito para qualificar o ensino no país’, elogia Comte.
Já o deputado federal Chico Alencar (PSOL), que é professor de história, fez uma análise mais aprofundada do problema.
“Há uma crescente privatização no ensino superior, com a ideia de que o importante é ter aluno, é a mensalidade, não a qualidade do ensino. E este tipo de avaliação mostra que o importante é matricular todo mundo, não é formar bons profissionais. E olha que estamos falando de uma universidade que cresce a cada dia, que até tem grandes estrelas dando aulas. Mas é como futebol: não adianta ter estrela sem ter conjunto, comprometimento com o ensino”, compara.
Para finalizar, Chico Alencar diz que o MEC deve, sim, intervir na instituição.
“A Constituição diz que o ensino particular deve ser complementar e estar sob a supervisão do ente público, o que não acontece. A reportagem mostrou que o exame é uma farsa, mas hoje vemos que há uma comiditização da educação, que fica sob responsabilidade de empresas terceirizadas. Não é uma prioridade”, critica.